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INICIATIVA LEVANTA PREOCUPAÇÕES COM A PRIVACIDADE E A SEGURANÇA

Inteligência artificial pode substituir médicos nos hospitais

AUTOMAÇÃO MÉDICA. Sistemas vão poder realizar alguns trabalhos na tentativa de melhorar serviços e aumentar tempo dos profissionais com os pacientes.

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Um dos maiores hospitais do Reino Unido vai usar sistemas de inteligência artificial (IA) para substituir médicos e enfermeiros em algumas funções, que incluem desde o diagnóstico de cancro em exames de tomografia à triagem de pacientes de emergência, informou, na passada semana, o jornal britânico ‘The Guardian’.

O projecto experimental, com duração prevista de três anos, entre o hospital do University College London (UCL) e o Instituto Ala Turing, visa principalmente melhorar os serviços da instituição enquanto dispensa os profissionais de saúde para passarem mais tempo com os pacientes. Mas a iniciativa também já está a levantar preocupações com relação à privacidade e à segurança das suas informações e da instituição, assim como o papel destes mesmos profissionais dentro dela.

Segundo Bryan Williams, director de pesquisas da fundação responsável pela administração dos hospitais do UCL, a ideia é transformar o atendimento, e os resultados, dos pacientes de forma similar ao que empresas como Google e Amazon mudaram as relações de consumo.

“Isso deverá mudar o jogo”, disse Williams ao ‘Guardian’. “Você pode pegar o seu telefone e comprar uma passagem de avião, decidir que filme vai ver ou pedir uma pizza, e tudo isso envolve IA. No NHS (sigla em inglês para o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido), no entanto, não estamos nem perto de sermos tão sofisticados. Ainda enviamos cartas (aos pacientes), o que é incrível.”

A parceria, na qual o UCL está a investir uma soma “considerável” não informada, tem como motivação a crença de que os sistemas de IA podem ser ensinados a diagnosticar doenças, identificar pessoas sob risco de ficar doentes ou melhor alocar recursos via processos de aprendizagem de máquina. Desta forma, por exemplo, médicos e enfermeiros poderiam ser colocados em algumas enfermarias da mesma forma que o Uber direcciona motoristas para áreas com maior procura em determinadas horas do dia.

Assim, o primeiro projecto dentro da parceria tem como objectivo agilizar o atendimento no pronto-socorro do hospital, que assim como muitos no país não consegue cumprir a meta de tempo de espera máximo fixada pelo governo, de até quatro horas. Em Março, apenas 76,4% dos pacientes que precisaram de atendimento de emergência nos pronto-socorros ingleses foram atendidos em até quatro horas, a menor proporção desde que a espera começou a ser registada, em 2010.

“O nosso desempenho este ano não atingiu a espera de quatro horas, o que, de forma alguma, é reflexo da dedicação e compromisso dos nossos profissionais”, destacou Marcel Levi, chefe executivo do hospital.

Assim, usando dados de milhares de atendimentos, um algoritmo de aprendizagem de máquina poderia indicar, por exemplo, se um determinado paciente com sintomas em torno de uma dor abdominal, na verdade, tem um problema grave como uma perfuração intestinal ou uma infecção sistémica, apressando o seu atendimento antes que a sua condição se deteriore ao ponto de se tornar crítica.

“As máquinas nunca vão substituir os médicos, mas o uso dos dados, da experiência e da tecnologia podem mudar radicalmente a maneira como administramos os nossos serviços, e para melhor”, reconheceu Levi.

Outro projecto, já em curso, tem como objectivo identificar pacientes com maior probabilidade de faltarem às consultas. O neurologista no hospital do UCL, Parashkev Nachev usa dados como idade, endereço e condições do tempo para prever com um nível de acerto de 85% se um paciente vai comparecer às consultas ou exames agendados. Numa próxima fase, o hospital planeia realizar intervenções como enviar mensagens de texto para os pacientes para minimizar as faltas.

Um terceiro projecto, por sua vez, pretende usar a IA na análise de tomografias de 25 mil ex-fumantes recrutados como parte de uma pesquisa sobre cancro para saber se a avaliação dos exames pode ser automatizada.