ANGOLA GROWING

Já não bastam 500 mil empregos

11 Feb. 2019 César Silveira Opinião

Quando ainda faltam pouco mais de três anos para a conclusão do primeiro mandado de João Lourenço, e de mais um do MPLA, na liderança do país coloco-me entre os pessimistas em relação à promessa de criação de 500 mil empregos até 2022. Entre aqueles que duvidam no cumprimento da referida promessa e há argumentos para esta posição.

O cumprimento impunha a criação média anual de 100 mil empregos e a realidade mostra que os primeiros 15 meses foram nulos. Ou seja, o desafio impõe, agora, a criação média anual de mais de cerca de 167 mil empregos nos próximos três anos. Nada do outro mundo. Os números, por si só, são alcançáveis. Angola não seria o primeiro a conseguir. Em 2017, por exemplo, em Portugal terão sido criados 172,3 mil empregos, enquanto nos Estados Unidos estimou-se mais de mais de dois milhões.

No entanto, a realidade diz-nos que seria necessária uma reviravolta considerável, tendo em conta a realidade económica actual, caracterizada pela incapacidade da banca financiar o empresariado e deste desenvolver novos projectos. Pela maior necessidade das empresas em desempregarem do que criarem novas oportunidades devido o necessário exercício de sobrevivência imposto pela falta divisas e, sobretudo pela desvalorização da moeda. Caracterizado pela falência de empresas.

E se juntarmos a estes pressupostos as decisões administrativas como a do BNA que decretou o encerramento de três bancos e, sequencialmente, criaram perto de 1.000 desempregos, criar apenas 500 mil empregos até 2022 seria uma fraude. O MPLA deve focar-se agora na criação de, pelo menos, 700 mil empregos.

César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico