Jornalista da Ecclésia ouvido pela PGR
O jornalista da Rádio Ecclésia Óscar Tito vai ser interrogado pela PGR, acusado de crimes de “calúnia e difamação” ao ex-presidente da Comissão Provincial Eleitoral (CPE) do Kwanza-Sul, após noticiar a demissão do queixoso, noticia a Lusa.
De acordo com a Emissora Católica, esta terça-feira, o jornalista foi intimado a comparecer quinta-feira (19 de Agosto), nas instalações da PGR junto do Serviço de Investigação Criminal, no Kwanza-Sul, em resposta a uma notificação de 14 de Dezembro de 2020.
A queixa de alegados crimes de calúnia e difamação, segundo o jornalista, foi apresentada pelo ex-presidente da CPE do Kwanza-Sul, Morais António, que se demitiu do cargo, em Junho do ano passado, depois de terem sido divulgadas fotos íntimas nas redes sociais.
De acordo com Óscar Tito, em declarações à Ecclésia, após a publicação da peça jornalística, o queixoso dirigiu uma carta à emissora na província para um direito de resposta, pois alegava que “a peça estava eivada de difamação e calúnia”.
“E segundo a sua exposição, eu terei induzido os ouvintes a pensarem que ele pediu de demissão porque aparece nas redes sociais a mostrar nudez”, conta o jornalista.
Morais António colocou o cargo de presidente da CPE à disposição em Junho do ano passado e, em carta dirigida ao Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), na mesma altura, alegava ter sido vítima de uma campanha “montada para manchar a sua imagem”, pedido aceite pelo CSMJ.
O então responsável ver-se-ia envolvido num escândalo público que culminou com a divulgação nas redes sociais de fotos e vídeos com mulheres, tendo confirmado, na ocasião, a veracidade de algumas imagens publicadas.
As fotos e vídeos foram extraídas de um computador e telefone furtados por desconhecidos na sua residência, conforme narrou (o próprio) Morais António à data dos factos. Nesta terça-feira, o jornalista recordou que a peça jornalística descrevia os factos “tal como ocorreram e tal como o queixoso evoca na carta dirigida ao CSMJ, onde o mesmo explica as razões que o fizerem pedir demissão”.
“E foram só essas razões que eu também evoquei na peça, mas estranhamente ele [o queixoso] a exposição a pedir rectificação e recebemos, na última sexta-feira, a notificação para sermos ouvidos na quinta-feira, dia 19, pela PGR junto do SIC”, explicou o profissional.
O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, citado pela Lusa, já repudiou as acusações imputadas ao jornalista Óscar Tito, considerando estar-se diante de um “acto de intimidação”.
O procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, negou, em Julho passado, as alegadas perseguições a jornalistas, imputadas ao órgão que dirige, afirmando que “nunca teve conhecimento sobre o assunto”.
A 15 de Junho passado, um grupo de jornalistas realizou em Luanda, junto da PGR, um protesto para denunciar alegadas “perseguições” judiciais contra profissionais de comunicação social.
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