GENERAIS EUSÉBIO E KOPELIPA NEGAM ENVOLVIMENTO 

Julgamento do ‘Caso Lussaty’ entra na fase de alegações

19 Oct. 2022 António Miguel De Jure

JUSTIÇA. Depois dos generais os generais Eusébio e Kopelipa serem ouvidos em tribunal, onde negaram envolvimento, o julgamento do processo 230/22-A, que envolve o major Pedro Lussaty, saiu da fase de produção de provas para a de alegações.

Julgamento do ‘Caso Lussaty’ entra na fase de alegações

O julgamento do ‘caso Lussaty’ entrou na fase de alegações, depois de ter terminado, na semana passada, a fase de produção de provas, com o interrogatório de duas funcionárias da 12ª Brigada de Desminagem, segundo o Juiz da causa, Andrade da Silva.

As alegações compreendem a fase em que a acusação e a defesa vão explicar todos os factos recolhidos à volta do processo, no caso em concreto o número 230/22-A. Antes de as duas funcionárias da 12ª Brigada de Desminagem deporem pela defesa do co-réu Emanuel Evaristo Pacheco, o tribunal ouviu o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior ‘Kopelipa’. 

O ex-ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, na Era de José Eduardo dos Santos, afirmou que o dinheiro encontrado no apartamento e em posse do major Pedro Lussaty não saiu da Casa de Segurança do PR e que aquele órgão de segurança nunca pagou em dólares ou em euros a qualquer militar.

O general, que foi, durante mais de 20 anos, o homem forte da segurança presidencial, explicou ainda que nunca foi informado de quaisquer “actos ilícitos ou crimes financeiros” na Casa de Segurança, garantindo que todas as actividades do órgão eram legais e supervisionadas. “Nunca tomei conhecimento, enquanto exerci as minhas funções, que na Casa de Segurança do PR haviam desaparecido verbas. Até onde sei nunca houve desaparecimento de dinheiro”, afirmou.

Recusando as acusações atribuídas a si, segunda as quais dominava o esquema de saída ilegal de dinheiros da Casa de Segurança, Kopelipa contou que nunca houve enquadramento de pessoal civil nesse órgão que ele tivesse autorizado e que a fiscalização do dinheiro era da responsabilidade do secretário-geral da Casa de Segurança.

No entanto, o general, que, em outros processos, se viu obrigado a entregar ao Estado bens alegadamente adquiridos com fundos públicos, reconheceu que assinava ordens de saque, tendo mais tarde delegado a responsabilidade de assinatura de ordens de saque a outros generais.

Kopelipa negou também ter havido pagamentos de salários a activistas do partido MPLA, como assegurou um dos arguidos em tribunal. “Nunca houve pagamentos de salários ou financiamento a nenhum partido político. É falsa essa afirmação”, declarou.

As afirmações de Kopelipa coincidiram com os depoimentos do antigo coordenador do Batalhão de Transporte Rodoviário da Casa Militar da Presidência da República, general Eusébio de Brito Teixeira, que negou ter recebido malas de dinheiro das mãos do comandante da Unidade, coronel Manuel Correia, tendo este, em confrontação, reafirmado ter entregue várias malas de dinheiro nas suas residências de Cuando-Cubango e Cuanza-Sul, onde Eusébio de Brito foi governador, bem como na residência de Luanda.

Depois das alegações, seguir-se-á a fase dos quesitos, em que o Tribunal vai determinar o que ficou ou não provado no processo em julgamento. O julgamento do ‘caso Lussaty’ iniciou a 28 de Junho de 2022.