Lixo pode gerar saúde e dinheiro
ECOLOGIA. O lixo constitui um dos maiores desafios de Angola e de muitos países. Mas o especialista Eugénio Soares aponta caminhos para o seu tratamento e garante que por detrás dos resíduos sólidos estão recursos que podem dar bons lucros.
Angola vive actualmente um dos piores momentos da sua história: a crise económica e, de modo paralelo, a crise do lixo. Este tem trazido sérios problemas de saúde, com a criação de vectores das grandes epidemias, como a febre-amarela e o paludismo. No entanto, segundo o mestre em Engenharia Ambiental, Eugénio Soares, os resíduos sólidos, se bem aproveitados, podem, ao invés de prejuízo, tornar-se numa via através da qual se criam recursos para fomentar negócios e gerar empregos.
E foi pensando na utilidade dos resíduos sólidos que Eugénio Soares criou um projecto denominado ‘Oficina de compostagem: uma opção económica e sustentável’, que propõe, além da recolha, oferecer outras soluções para um problema que é actual e global.
Trata-se de um projecto que já lhe valeu um prémio da petrolífera Total, num valor inicial de 70 mil dólares para a criação de uma empresa. A oficina de compostagem tem como foco não só o processamento dos resíduos sólidos mas também fins económicos. Eugénio Soares quer apostar, sobretudo, na educação ambiental, na consciencialização das pessoas sobre a importância do tratamento correcto, dos benefícios dos materiais recicláveis, da utilização dos adubos naturais para a agricultura, contribuindo assim para a saúde e preservação dos solos.
Segundo o engenheiro, o problema dos resíduos sólidos em Angola não se vai resolver apenas com a colecta, sendo necessário, também, usar as ferramentas que a Engenharia Ambiental oferece para que a solução seja eficiente. “Actualmente, o nosso sistema de gestão de resíduos é apenas a colecta e a deposição em aterros sanitários. É preciso incluir a reciclagem, uma vez que a própria natureza está encarregada de devolver ao solo todas as suas propriedades iniciais.”
Países como o Brasil, Namíbia e África do Sul já usam a compostagem dos resíduos orgânicos, o lixo da poda das árvores para o fabrico e venda de fertilizantes orgânicos. Só desta forma, defende Eugénio Soares, “é possível minimizar a crise do lixo em Angola”.
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