Massano ‘herda’ promessas de recolocar Deutsche Bank em Luanda
RESGATE DE CORRESPONDENTES. Antecessor do novo governador do banco central prometera, há alguns meses, trazer o maior banco alemão para o país. Promessas ficaram sem efeito, com a queda de Valter Filipe no comando do BNA, ‘tarefa’ que fica para Massano, já que a luta é reconquistar bancos correspondentes e aumentar notas verdes no país.
O resgate dos bancos correspondentes norte-americanos é um dos principais desafios do novo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, mas especialistas adivinham inúmeras dificuldades, apesar de a administração anterior ter garantido que tinha contactos avançados com o Deutsche Bank com promessas de que a instituição alemã estaria no país a partir do passado mês de Fevereiro.
Ao tomar posse cerca de oito meses depois da data que a anterior administração prometera para estar no país o banco alemão, Massano tentará concluir com sucesso o dossier ‘Deutsche Bank’, segundo observadores. No entanto, citam o referido fracasso da anterior administração como exemplo das dificuldades que a administração de Massano enfrentará na busca de banco correspondente que intermediava a venda de dólares para Luanda.
O plano da recolocação de bancos correspondentes no país é para seguir, até porque, nas 136 medidas para saída da crise, desenhada pelo Governo de João Lourenço, no ‘Plano Intercalar’, se dá privilégio ao fortalecimento financeiro, iniciativa que prevê, entre outros, “melhorias na relação com bancos correspondentes, através da promoção de um roteiro concreto de mitigação dos riscos e o reforço do quadro prudencial e do quadro AML/CFT”.
O economista Yuri Quixina adverte, no entanto, que a causa da retirada dos correspondentes de bancos europeus e americanos em Luanda “não são apenas as pessoas politicamente expostas (PEPs)”. Segundo o analista, os bancos recuaram também devido à baixa do crescimento da economia e ao fraco fraturamento da banca nacional.
“Sem crescimento económico, sem lucratividade nos bancos comerciais, dificilmente os bancos correspondentes voltarão para Angola. Mas é importante arrumar a bagunça no mercado financeiro angolano”, considera o gestor, para quem Massano tem prioridades mais imediatas, que é a redução do malparado e o controlo do sistema.
Por sua vez, o bancário Hugo Teles, em entrevista recente ao VALOR, defendeu que, enquanto todos os ‘players’ do sector não estiverem definidamente organizados, dificilmente os bancos correspondentes voltam ao país. Garantiu ser esta a resposta que o Banco BIC tem recebido nos vários contactos com os parceiros internacionais.
“Há, pelo menos, quatro bancos angolanos que cumprem praticamente as mesmas normas que qualquer banco na Europa, com todos os sistemas de controlo, mas quando falamos da banca angolana, estamos a falar do banco central e dos comerciais. Todos temos de cumprir as mesmas máximas e os mesmos pressupostos internacionais, enquanto todos não cumprirmos, não fará sentido”, salientou.
O Deutsch Bank é um dos seis bancos correspondentes que forneciam notas de dólares a Angola. A lista de bancos correspondentes que deixaram o país e cessaram relações com sistema bancário nacional inclui o Citi Bank, HBSC, Bank of America/FirstRand e Standard Chartered.
Malparado por resolver
Mas esta não é única ‘herança’ que Massano recebe de Valter Filipe. Há também o crédito malparado e uma taxa de inflação que já fugiu dos limites de um dígito que este conquistou e deixou, em 2015, quando abandona, a seu pedido, o BNA.
Hoje, o quadro é inverso, a avaliar pela taxa de inflação que, nos últimos doze meses, já se situou nos 40%, apesar de, em Setembro último, ter fechado nos 27,46%, estando muito longe do que deixou Massano, em Janeiro de 2015, nos 7,44%.
De entre as missões a seguir por José Massano, vai estar ainda a exigência de aumento do requisito mínimo de capital social dos bancos que quiserem iniciar actividade em Angola, de acordo com o ‘Plano Intercalar’ do Governo, disponibilizado pelo Ministério das Finanças.
O Governo pede também que se promova o mercado de acções, por via da privatização em bolsas de empresas de referência, além da implementação do cronograma para o reforço da competividade e consolidação do sistema financeiro e a aprovação da estratégia de desenvolvimento do sector financeiro, conforme os números 126 e 127 do ‘Plano Intercalar’.
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