O que resta a Isabel dos Santos
INVESTIGAÇÃO. Empresária afirma que vai recorrer aos tribunais internacionais para defender o seu “bom nome”. Reacção surge na sequência da divulgação de alegados esquemas de desvios de fundos da Sonangol.
Depois do ‘golpe’ de 31 de Dezembro, com a decisão do Tribunal de Luanda de arrestar os seus bens e bloquear as suas contas, Isabel dos Santos volta a ser, no princípio destas semana, confrontada com um novo teste de stress face às denúncias do ‘Luanda Leaks’.
A investigação levada a cabo por um Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) analisou dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018. Participaram 120 jornalistas e 36 meios de comunicação associados e faz referência ter tido acesso a cerca de 715 mil ficheiros.
Face às denúncias, e sobretudo ao impacto e consequências, a questão que se coloca é sobre as alternativas que restam a Isabel dos Santos e Sindika Dokolo.
Por ora, as redes sociais têm sido uma das principais alternativas. “Não fiz desaparecer 115 milhões da Sonangol. Isso é mentira”, escreveu Isabel dos Santos sobre uma das denúncias que fez eco, a do suposto desvio de mais de 100 milhões de dólares para o Dubai, enquanto PCA da Sonangol.
“Sabem muito bem que houve um contrato de consultoria do projecto de reestruturação da Sonangol que foi feito”, sublinhou acrescentando que “130 consultores trabalharam na Sonangol, diariamente, no projecto de reestruturação, questionado como se poderia considerar agora a consultoria como uma “fantasia”.
Vários analistas têm sugerido a disputa pela via judicial como a opção que se coloca a Isabel dos Santos, já que, em caso de sucesso, permitiria a recuperação da reputação de forma mais legítima. E é precisamente por esse caminho que a empresária, como declara, pretende passar a sua defesa. “Procurarei repor a verdade dos factos e lutar através dos tribunais internacionais para defender o meu bom nome”, sublinhou em comunicado onde considera “completamente infundadas” as alegações contra si. “Trata-se de um ataque político orquestrado e bem coordenado, numa tentativa de me neutralizar”.
A empresária denuncia que os documentos ora divulgados foram “ilegalmente pirateados há sete meses e transferidos para uma organização pouco conhecida sediada em Paris, de onde foram enviados para o ICIJ”. “O ICIJ e os seus parceiros mediáticos tiveram meses e meses a examinar estas supostas provas e, mesmo assim, as alegações extremamente sérias que fazem contra mim neste relatório baseiam-se em nada mais do que suposições. Em nenhuma parte destes documentos ou na sua divulgação foi demonstrado qualquer comportamento ilegal da minha parte ou das minhas empresas. É preciso questionar: quem beneficia do crime de obtenção ilegal destes documentos?”
Além do comunicado, Isabel dos Santos concedeu também uma entrevista à BBC onde, segundo o extrato divulgado, afirma que “todos vão ficar a perder” na sequência das investigações e acusações do ‘Luanda Leaks’ e lamenta “que Angola tenha escolhido este caminho”.
No entanto, há correntes que defendem que Isabel dos Santos deveria concentrar em tentar encontrar uma solução para os processos em curso, concretamente o de arresto e bloqueio das contas, visto que o Luanda Leaks é apenas uma denúncia jornalística que pode não passar disso, dependendo do desfecho do processo em curso.
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