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O Poder...

Pelo segundo ano consecutivo e sem qualquer surpresa, João Lourenço é a personalidade escolhida pelo VALOR. O Presidente da República monopolizou a agenda política de 2018 e manteve-se inconfundivelmente como o rosto principal do projecto de governação que leva a cabo. Tal como foi prometendo ao longo do percurso que o levou à chefia do Estado, o combate à corrupção superou as demais prioridades. E, desta vez, com a diferença de o discurso ter sido reduzido à prática, não fossem as centenas de processos na justiça que visam funcionários do Estado e não só, a diferentes níveis pelo país inteiro. Paradoxalmente, é nesta matéria em que João Lourenço se vai confrontando também com as críticas mais acirradas. O Presidente da República não é só acusado, repetidas vezes, de ter listado alguns casos específicos como troféus do combate à corrupção. Há desconfianças de que, na base deste vendaval, estejam sobretudo ataques pessoais a segmentos que encara hoje ou que sempre encarou como verdadeiros adversários políticos. E se as críticas de sectores da Oposição facilmente podem ser contestadas com recurso ao criticismo oposicionista, o mesmo não se pode dizer do posicionamento do secretário-geral do MPLA. Ao defender de forma inequívoca o legado de José Eduardo dos Santos; ao responsabilizar sem excepções os colaboradores do ex-Presidente da República, Álvaro de Boavida Neto fez muito mais do que questionar a estratégia de governação. Colocou em causa a legitimidade moral de João Lourenço de combater a corrupção, na forma como o faz. Festas felizes e bom ano!

Nota

O VALOR estreou-se, em 2016, com a publicação da ‘Personalidade do Ano’. Trata-se de uma edição especial de periodicidade anual em que é identificada uma pessoa, um grupo ou associação, uma ideia ou uma invenção que mais se tenha destacado ao longo do ano, em Angola. À semelhança dos exemplos dos média internacionais, com destaque para a prestigiada revista norte-americana ‘Time’, a ‘Personalidade do Ano’ não representa necessariamente uma distinção de mérito ou de qualidade, por feitos positivos. Através de critérios marcadamente objectivos, a ideia é apontar o indivíduo que, por razões diversas e que podem ser consensualmente de cariz negativo, tenha marcado de forma diferenciada o ano, com as suas realizações. Os critérios serão flexíveis e poderão ser ajustados, conforme o jornal o entender justificável. Nesta edição, elegemos, entre os critérios, ‘a influência e repercussão políticas’, ‘a relevância económica e social’ e ‘a exposição mediática’. No ano de estreia, a nomeação recaiu sobre a empresária Isabel dos Santos.