MPLA EMAGRECE NO PARLAMENTO

Partido no poder perde 25 lugares na Assembleia Nacional

RESULTADOS. Eleitores dão mais um voto de confiança ao MPLA, que deverá governar mais cinco anos (até 2022), embora tenha perdido mais de uma dezena de assentos na Assembleia Nacional. Projecções dos resultados provisórios apontaram Luanda, Cabinda e Luanda-Sul como sendo as províncias de maior ‘discussão eleitoral’ e onde o partido maioritário não conseguiu atingir 50% dos votos escrutinados.

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O MPLA perdeu 25 lugares no parlamento, segundo as projecções dos resultados provisórios das eleições de 23 de Agosto. No pleito eleitoral de 2012, o partido governante tinha conquistado 175 dos 220 lugares na Assembleia Nacional, sendo que o número de deputados cai para 150, de acordo com dados preliminares da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Os 25 assentos perdidos, do partido no poder, distribuíram-se, claramente, para a UNITA, que sobe de 32 para 51 lugares, e a CASA-CE, que dobra o número de deputados de oito para 16. O PRS e a FNLA, de acordo com os dados provisórios, também reduzem os assentos no parlamento, descendo, respectivamente, de três para dois e de dois para um. Quem não teria nenhum motivo para comemorar seria Quintino Moreira, que poderá não entrar na Assembleia Nacional, mas mantendo em ‘vida’ a APN.

Ainda pelos resultados provisórios, embora lhe tenha escapado mais de duas dezenas dos assentos parlamentares, o MPLA venceu as eleições com 61,10% dos votos e vai governar mais cinco anos, podendo aprovar leis sem votos dos partidos da oposição.

A UNITA conseguiu 26,70%, enquanto a CASA-CE obteve 9,46% dos votos. O PRS mantém-se na quarta posição com 1,33% dos votos, a FNLA atingiu 0,91% e a APN 0,49% dos votos.

Os dados provisórios da CNE dão ainda conta que, até sexta-feira, 25, 98,48% dos 9.317.294 eleitores tinham sido escrutinados, faltando apenas à volta dos 2%. Estiveram disponíveis 25.474 mesas de votos, tendo sido escrutinadas 25.026 mesas, o que representa 98,24% do total.

As eleições tiveram uma participação de 7.025.419 eleitores, equivalente a 76,56%, registando uma abstenção na ordem dos 23,44%, o que responde a 2.150.631 eleitores que não participaram. Votos validos fixaram-se nos 6.706.012, enquanto os nulos estiveram à volta dos 123.102. Votos em branco foi de 176.426 e 19.879 reclamados.

PROVÍNCIAS MAIS DISPUTADAS

Bié, Cabinda, Huambo, Luanda, Lunda-Sul e Zaire destacaram-se nas eleições de 23 Agosto como sendo as províncias de maior disputa eleitoral, segundo os últimos resultados provisórios divulgados, sexta-feira, 25, pela Comissão Nacional Eleitoral.

Entre as seis praças mais animadas, o maior destaque recai, seguramente, sobre Luanda,onde o MPLA, partido que governa desde 1975, não conseguiu atingir 50% dos votos, fixando-se nos 48,22%, o que garante três deputados dos cinco a eleger.

A UNITA elegeu os restantes dois deputados, obtendo 35,50% dos votos. A CASA-CE, apesar de ter conseguido 14,58% dos votos, não elegeu nenhum deputado em Luanda, tal como a FNLA, PRS e APN.

A outra discussão eleitoral renhida aconteceu em Cabinda, onde mais uma vez o partido maioritário não conseguiu recolher sequer 40% dos votos. Nesta província petrolífera, o MPLA, com 39,75% dos votos, discutiu as eleições directamente com a CASA-CE (29,33% dos votos), que se apresenta como o novo principal rival do partido no podernaquele território mais a Norte de Angola.

As projecções provisórias apontam um empate de 2 a 2 em termos de assentos parlamentares entre essas duas formações políticas. A UNITA elegeu o outro lugar a deputado.

Na Lunda-Sul, o partido maioritário elegeu três deputados, com 45,96% dos votos, enquanto a UNITA, com 41,06% dos votos, assegurou os restantes dois lugares a deputados, deixando as outras quatro formações políticas concorrentes de fora. Entretanto, nas outras três províncias mais bem concorridas, como no Bié, o MPLA obteve 57,44% dos votos, assegurando três lugares à Assembleia Nacional, e a UNITA arrebatou os dois restantes assentos.

Já no Huambo, o MPLA ganhou com 58,24% dos votos e garantiu três deputados naquele ciclo eleitoral provincial, enquanto os ‘maninhos’, com 35,84% dos votos, elegeram dois deputados. Na província petrolífera do Zaire, a oposição conseguiu dois lugares, distribuídos pela UNITA e CASA-CE, com cada um, enquanto os ‘camaradas’ obtiveram três lugares. Em Malanje, Huíla, Kwanza-Norte, Kwanza-Sul e Cunene também chamaram a atenção pelo facto de terem sido as províncias onde o MPLA não teve qualquer dificuldades em assegurar os cinco lugares a eleger a deputados. Com mais de 75% dos votos, em cada uma dessas províncias, os ‘camaradas’ não deixaram espaços para a concorrência eleger deputados.

RECLAMAÇÕES

Antes da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgar os resultados provisórios das eleições gerais, o MPLA tinha já anunciado a sua vitória com maioria qualificada, com base nas informações recolhidas pelos seus delegados nas assembleias de voto.

Não tardou, os mandatários da UNITA e CASA-CE, as duas principais forças da oposição, contestaram a vitória reclamada pelo MPLA, mas também os números divulgados pela CNE. Para o porta-voz da UNITA, José Pedro Cachiungo, os resultados são “falsos”. Tal como o MPLA, o partido do ‘galo negro’ fez a sua própria compilação dos dados vertidos nas actas das assembleias de voto.

Já a representante da CASA-CE, Cesinanda Xavier, afirmou que “possivelmente os dados foram forjados”, deixando claro a sua formação política não estava de acordo com os resultados divulgados com a CNE. Entretanto, antes da divulgação dos resultados, o presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, informou que a coligação analisaria os cenários pós-eleitorais e “estudar as probabilidades” de poder integrar o futuro Governo, numa coligação que admitia poder formar com o MPLA ou a UNITA.