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Investigadores alertam

Poluição e pesca desordenada afectam piracema nos ecossistemas aquáticos de Angola

Pesquisa. Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto recomendam ao Governo mais investimento na investigação científica para identificação e solução dos problemas relacionados com o ecossistema.

 

Poluição e pesca desordenada afectam piracema nos ecossistemas aquáticos de Angola

O aumento da poluição, desencadeada pelo crescimento populacional, a pesca desordenada, a expansão de áreas urbanas nas zonas fluviais, a produção de energia, com a construção de barragens, e a introdução de espécies invasoras ameaçam os ecossistemas de água doce em Angola, de acordo com o estudo realizado por Belmiro Pascoal e Helena Abreu, ambos investigadores da faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto.

Os investigadores referem que o Estado tem dificuldades em proteger e conservar estes recursos, apesar de estas matérias estarem tipificadas na Lei 6-A/04 de 8 de Outubro, devido “à pouca informação e estudos específicos” sobre os ecossistemas de águas doces que visam a proteção da biodiversidade e garantir que os recursos provenientes desses ecossistemas sejam usados “de forma justa, equitativa e sustentável”.

“Os peixes de piracema constituem a fonte de renda e subsistência de muitas comunidades e garantem o equilíbrio nos ecossistemas onde são encontrados. Muitas dessas espécies já foram descritas em Angola, mas pouco se sabe sobre este fenómeno e a sua grande relevância na manutenção dessas espécies”, afirmam.

Os dois investigadores sugerem ao Governo a protecção dos peixes de piracema, no sentido de se alcançar equilíbrio do ecossistema, a manutenção da economia e a subsistência das comunidades locais. Para o efeito, insistem, é fundamental investir na investigação científica, para que os problemas ligados a este fenómeno sejam identificados e devidamente resolvidos por meio de bases legais, desenvolvendo estudos da ictiofauna existente nos rios, lagos e lagoas de Angola. Além disso, apregoam a aposta na educação ambiental e, sobretudo, na necessidade de o Estado ter vontade e cumprir as políticas de conservação da biodiversidade.

“A piracema é, portanto, um período de preservação de extrema importância ambiental, económica e social, que deve ser respeitada, para finalmente Angola alcançar uma utilização economicamente viável dos recursos pesqueiros de águas doces, garantindo-os para a presente e futuras gerações, chegando assim à sustentabilidade. O seu conhecimento, preservação e o respeito do seu período podem garantir para o país mais uma solução para a diversificação da economia e, simultaneamente, manutenção da biodiversidade, mas as políticas e as instituições ambientais devem estar seriamente comprometidas com os princípios”, recomendam.