Falta de ELEIÇÕES NA APIMA

Profissionais imobiliários entram em ruptura e lutas pelo poder  

23 Feb. 2022 Economia / Política

CONFLITO. Está instalado um clima de tensão na Associação dos Profissionais Imobiliários (Apima). Membros acusam actual direcção de querer “perpetuar-se” no poder. Ao Valor Económico, presidente da mesa afirma que a pandemia e a revisão do estatuto adiaram as eleições, avançando que o pleito se realiza no próximo mês.

Profissionais imobiliários entram em ruptura e lutas pelo poder   

A falta de eleições desde 2020, altura em que terminou o mandato da direcção ainda em funções, provocou um clima de aceso conflito na Associação dos Profissionais Imobiliários (Apima), que tende a resvalar para ataques pessoais.

Membros insatisfeitos acusam o presidente Cléber Correia de somente trabalhar com um pequeno grupo da sua conveniência.  Paulino Makanga, primeiro vogal do Conselho Fiscal, declara existir “marginalização” e nota que os restantes membros não são convocados para reuniões de alto nível, acusando o presidente de supostamente “pretender perpetuar-se” no poder com a revisão dos estatutos.

“A revisão que se fez ao estatuto foi feita na perspectiva de manter-se com o seu grupo. A Apima está transformada em casa de alguém. O próprio secretário-geral não é ouvido, não assina nada, não é tido nem achado nas questões em que o Governo solicita pareceres”, denuncia.

Por sua vez, Cláudio Carvalho conta que colocou à disposição o cargo de primeiro vogal do Conselho Fiscal pela falta da realização de eleições com o fim do mandato da direcção e alega existir uma estratégia “bem montada” para o grupo restrito continuar na presidência.

“A tendência é projectar um angolano a favor dele que depois lhe cede lugar para poder aparecer. No passado, já me tinham feito esta proposta de ocupar a presidência”, alega, sublinhando que não compreende como uma instituição da dimensão da Apima não tem sede própria, nem é capaz de defender os seus membros, em caso de conflitos.

“Eu já fui burlado por alguém da direcção. Quando recorri à associação, fizeram ouvidos de mercador. Como associado, não volto a pôr dinheiro numa associação que não apresenta segurança nenhuma. A Apima só sobrevive hoje para aqueles que querem continuar a abrir portas, ter visibilidade em nome de um imobiliário desorganizado”, acusa.

Cléber Correia refuta as acusações, declarando que “o que mais deseja” é a realização de eleições. E acrescenta que as alterações ao estatuto serviram para travar eventual “golpe”. “Tínhamos receio [nós os mais antigos] que alguém, vendo a projecção da Apima, que está cada vez maior, colocasse 20 a 30 pessoas de uma vez e apresentasse candidatura, tornando-se o presidente, seria um golpe. Quem pode votar é quem tem seis meses com as quotas em dia, a candidatura [à presidência] só com dois anos de associação”, argumenta.

Correia explica que a associação sempre teve escritório, no caso, um apartamento na centralidade do Kilamba colocado à disposição por um dos membros, apesar de não ter sido entregue de forma oficial e directamente. O benfeitor comunicou apenas no grupo da rede social WhatsApp. “Querem tomar à força a direcção”, atira.

ELEIÇÕES JÁ PARA MARÇO

Ao Valor Económico, o presidente da mesa, Hélder Costa, justifica a falta de eleições, nos dois últimos anos, com a pandemia da covid-19, e com a necessidade de alteração do estatuto no final do ano passado. No entanto, avança que tem “tudo pronto” para se realizar já em Março próximo.

“Estávamos muito presos a estatutos conservadores que não permitiam uma outra dinâmica. Havia a necessidade de analisar os artigos com os quais não estávamos de acordo. Foram concebidos há uns anos, a dinâmica do mercado e da sociedade é outra, achamos que podíamos propor algumas alterações e foram aceites pelos membros”, afirma, contrariando os argumentos do primeiro vogal do Conselho Fiscal.

Hélder Costa assegura que a associação está pronta a mudar-se para o espaço cedido por um dos membros na centralidade do Kilamba, perspectivando para este ano a sede definitiva.