ANGOLA GROWING
HÁ AINDA 300 MIL MILHÕES DE KWANZAS POR REGULARIZAR

Recredit garante resolver malparado antes do ‘Ano Novo’

CRÉDITO. Entidade quer deixar resolvidos 225 mil milhões de kwanzas de um total de 300 mil milhões de empréstimo malparados antes de 31 de Dezembro. Dívida inicial era de 500 mil milhões. Há particulares ‘atrás’ da Recredit a solicitar ajuda com dívidas.

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A empresa criada para gerir crédito malparado da banca angolana, a Recredit, garante deixar resolvido, antes do fim de 2017, cerca de três quartos dos empréstimos bancários não pagos, revelou ao VALOR o presidente do seu conselho de administração, Vicente Leitão.

De acordo com os números da entidade, estão por resolver, do total de crédito malparado, cerca de 300 mil milhões de kwanzas, três quartos dos quais, que correspondem a 225 mil milhões, com previsão de resolução antes de 31 de Dezembro.

O valor total do malparado do sistema bancário nacional sob a gestão da Recredit estava avaliado, inicialmente, em 500 mil milhões de kwanzas (cerca de 2,5 mil milhões de dólares, ao câmbio de 30/11 deste ano), 200 mil milhões dos quais já resolvidos e parte substancial aguarda resolução agora antes do fecho de 2017.

“[Estes] são os processos que estão em curso, parte dos quais, cerca de três quartos, estarão resolvidos antes do final do ano”, assegurou Vicente Leitão, respondendo a perguntas do VALOR, à margem da Gala de entrega dos prémios Sirius, na semana passada.

Vicente Leitão explica, que a estratégia da Recredit passa por ajudar o sistema bancário a acabar com os activos prejudiciais nos bancos, com vista a dar às instituições financeiras o seu verdadeiro papel. “Fazemos um balanço positivo. Demos o contributo para que os bancos que connosco estão a trabalhar fiquem com os balanços mais estruturados, mais capacitados, para que entrem numa fase diferente e mais capacitada para desempenharem o seu papel”, defendeu Leitão.

Constituída em Maio deste ano pelo Estado, com uma capitalização equivalente em dólar a dois mil milhões, a Recredit definiu, como estratégia inicial, a renegociação da dívida junto dos bancos ou particulares individuais com os quais tenha acordo de compra do malparado, desde o valor em dívida às modalidades de liquidação.

“Até agora, já resolvemos processos na ordem dos 200 mil milhões de kwanzas, também com origens no BPC e noutros bancos”, reiterou o responsável da instituição financeira que segue o critério da “avaliação rigorosa, do valor efectivo dos processos”, na resolução de dívidas.

"A empresa recorre à utilização de critérios que avaliam a qualidade jurídica dos processos e a qualidade económica e financeira, e é no conjunto desses factores que encontramos um critério final que nos dá o valor a negociar com os bancos”.

12 processos de particulares em análise

Para as empresas, os particulares também têm a possibilidade de, junto da Recredit, renegociar empréstimos que não conseguem ressarcir. Segundo Vicente Leitão, até à data, já estão sob apreciação cerca de 12 processos de clientes particulares.

“Neste momento, os particulares ou mutuários podem dirigir-se à Recredit expondo os seus processos e, no caso de o banco credor estar aberto a renegociá-los, o processo é desencadeado. Há mutuários que já deram este passo. Já recebemos cerca de 12 processos de particulares”, garante.

Crédito perdido gera hipoteca

A instituição financeira alerta que as famílias e as empresas que tenham contraído empréstimos nos vários bancos comerciais, sobretudo no BPC, BDA e BCI, cujo financiamento não tenha gerado activo económico, correm o risco de perderem os bens que apresentaram como garantias no acto do contrato.

Segundo explicou a entidade, por altura da apresentação das linhas de actuação à imprensa, no início de Agosto, o mecanismo de execução de garantia será aplicado caso se prove ou se conclua que o dinheiro tomado pelo cliente é irrecuperável, ou quando se tiverem esgotados todos os mecanismos de recuperação do crédito.

“Para os créditos que não tenham gerado valor económico, nós vamos executar as garantias. Aqui não há perdão de dívida”, assegura Vicente Leitão.