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EMPRÉSTIMOS SAÍRAM DO BANCO ENTRE 2006 E ABRIL DESTE ANO

Relatório da auditoria atesta dívida da Sonangol

BANCA. Documento confidencial do banco a que o VALOR teve acesso confirma dívida de 1,2 mil milhões de dólares da petrolífera estatal no Millennium Atlântico, conforme noticiado há duas semanas. Sonangol nega, mas relatório da auditoria interna do banco coloca a empresa entre os devedores com empréstimos em dólares.

Na edição de 22 de Agosto, o VALOR noticiou que a Sonangol EP, através da subsidiária Sonangol Holdings, tinha dívidas no Banco Millennium Atlântico (BMA) avaliadas em 1,2 mil milhões de dólares (precisamente 1.194.906.813 USD), contraídos em regime de empréstimos sindicados, entre 2006 e Abril deste ano, facto que reafirma e que vem confirmado no relatório de auditoria interna do banco.

Duas semanas e vários comentários depois, entre gestores da alta finança angolana e estrangeira, a Sonangol EP reagiu à notícia do VALOR.

A petrolífera nega, no entanto, a existência da dívida no montante expresso no relatório de auditoria do banco e diz, em comunicado, que, “através da Sonangol Holdings, tem, actualmente, um passivo de cerca de cinco milhões de dólares norte-americanos junto da referida instituição financeira, cujo reembolso está previsto para até 31 de Julho de 2017”.

Nesta edição, o VALOR reafirma a dívida, nos montantes avançados na primeira notícia, de acordo com o relatório de auditoria interna do Millennium Atlântico na posse do jornal.

No relatório do banco a que o VALOR teve acesso, a dívida da Sonangol, e de mais 1.998 clientes do banco, entre grandes empresas e particulares conhecidos, é expressa em dólar, e omite o período em que a petrolífera estatal deve reembolsar o montante da dívida.

Integram a lista de devedores cerca de três mil clientes, 12 dos quais, incluindo a própria Sonangol, com dívidas a ultrapassar os mil milhões de dólares.

A versão digital do documento do banco que serviu de fonte para a notícia do VALOR apresenta as dívidas em três moedas diferentes, designadamente o dólar, o euro e o kwanza. Para a Sonangol, a saída foi de 1.194 milhões de dólares dos Estados Unidos da América, com uma provisão de crédito estimada em 12.771.360 de dólares.

A vasta folha de excell denominada ‘Caracterização mensal do crédito do Millennium Atlântico’ é ainda omissa sobre as modalidades com as quais o “empréstimo sindicado” saiu do banco. Ou seja, o documento não discrimina que parte do total da dívida diz respeito ao extinto Banco Millennium Angola e qual vem do também extinto Banco Privado Atlântico, limitando-se a integrar a dívida no crédito geral do banco saído da primeira fusão na banca nacional, o Millennium Atlântico.

JORNAL CONTACTOU INSTITUIÇÃO

Antes da publicação da matéria, o jornal fez vários contactos com a direcção de comunicação e marketing do BMA, e com o gabinete de comunicação institucional da Sonangol, dos quais o segundo respondeu à solicitação, prometendo reagir “tão logo fosse possível”.

Do conjunto de perguntas colocadas às direcções de comunicação das duas instituições, o jornal procurava confirmar os valores do empréstimo e a que projectos de investimento foram destinados, assim como a qual dos bancos a petrolífera estatal solicitou o crédito, já que a dívida é anterior à fusão e contraída em regime de “empréstimo sindicados”.