Restauração dos ecossistemas salvaria espécies e reduziria carbono
CONSERVAÇÃO. Na investigação, especifica-se que proteger 30% das áreas prioritárias identificadas, juntamente com a protecção de ecossistemas ainda na forma natural, reduziria as emissões de dióxido de carbono equivalentes a 49% de todo o carbono que se acumulou na atmosfera ao longo dos últimos dois séculos.
Um estudo com o título ‘Global priority areas for ecosystem restoration’, recentemente publicado na revista científica Nature, concluiu que “devolver ao estado natural ecossistemas de todo o mundo “destruídos” pela agricultura salvaria a maior parte dos mamíferos terrestres, anfíbios e aves ameaçados de extinção, e seriam absorvidos mais de 465 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono”.
A pesquisa indica que seria necessário restaurar 30% dos ecossistemas mundiais em áreas prioritárias e que assim seria possível evitar mais de 70% das extinções que são previsíveis, ao mesmo tempo que seria absorvida quase metade do carbono acumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial.
Na investigação, especifica-se que proteger esses 30% das áreas prioritárias identificadas, juntamente com a protecção de ecossistemas ainda na forma natural, reduziria as emissões de dióxido de carbono equivalentes a 49% de todo o carbono que se acumulou na atmosfera ao longo dos últimos dois séculos. Para estas conclusões contribuíram 27 investigadores de 12 países, que avaliaram florestas, prados, zonas húmidas e ecossistemas áridos.
Bernardo Strassburg, principal autor do relatório publicado sobre o estudo, conclui que devolver ao estado natural zonas que foram modificadas para a prática da agricultura seria uma forma de evitar que a destruição da biodiversidade e as alterações climáticas ficassem fora de controlo.
Ao identificar com precisão os ecossistemas destruídos em todo o mundo que devem ser restaurados, para melhorar a biodiversidade e o clima mas sem ter impactos na produção agrícola, o estudo é o primeiro do género a fornecer dados globais sobre os locais precisos onde essas mudanças devem ocorrer.
E diz que restaurar áreas prioritárias pode ser 13 vezes mais rentável do que manter a actual situação. Num primeiro momento, o estudo centra-se nos benefícios potenciais da restauração de ecossistemas florestais e não florestais a uma escala global, com os investigadores a afirmarem que as florestas são fundamentais para mitigar o aquecimento global e proteger a biodiversidade, mas que outros ecossistemas também têm um papel fundamental
O relatório publicado na Nature tem em conta os alertas da ONU de que podem extinguir-se um milhão de espécies nas próximas décadas, e de que o mundo tem falhado nos esforços para alcançar os objectivos de biodiversidade, incluindo o de restaurar 15% dos ecossistemas em todo o mundo.
Utilizando uma sofisticada plataforma matemática e tecnologias de cartografia, os investigadores avaliaram 2.870 milhões de hectares de ecossistemas a nível mundial que foram convertidos em terras agrícolas. Destes, 54% eram originalmente florestas, 25% prados, 14% zonas de arbustos, 04% terras áridas e 02% zonas húmidas.
Os investigadores calcularam também, tendo em conta receios de que restaurar ecossistemas iria prejudicar a produção de alimentos, que mais de metade (55%) dos ecossistemas avaliados poderiam ser restaurados sem prejudicar essa produção de alimentos. Tal seria feito nomeadamente com melhor planeamento, produção sustentável, redução de desperdício, e não investimento em alimentos como carne e queijo.
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