Se a bajulação resistir, tudo o resto também…
Começa a ficar cada vez mais evidente que não será o MPLA a combater o sistema que durante anos implementou causando inúmeras consequências sociais, económicas e políticas. Nos últimos dias, foram vários os golpes contra a tese recentemente defendida pelo Presidente João Lourenço segundo a qual só alguém que tenha feito parte do sistema estaria em condições de combater este mesmo sistema. Definitivamente, não.
No início, do percurso presidencial, por exemplo, João Lourenço deu sinais de que seria adverso às manifestações de bajulação. É de resto uma das características que terá motivado alguns apoiantes a posicionarem-se como tal. Entretanto, os acontecimentos deixam a entender que o Presidente da República, afinal, não tem este mal entre os que deve combater por respeito ao lema eleitoral “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”.
Algumas vozes têm tentado minimizar a gravidade deste mal, argumentando que o lema é válido para males mais graves, posicionando-se entre estes supostos males mais graves a corrupção, tráfico de influência e/ou a impunidade. Mas aqui parece tratar-se de um erro de cálculo, um raciocínio de curto alcance e/ou apenas mera falácia.
Pois a bajulação está, na prática, entre as causas da corrupção, impunidade e/ou tráfico de influência. Estes males, na verdade, são consequência da institucionalização da bajulação e outras práticas semelhantes.
Ou seja, ao permitir ser ‘mimado’ com as manifestações de apoio, João Lourenço corre o risco de, num futuro muito breve, sentir-se tentado e/ou obrigado a retribuir os mentores destas manifestações. Isso tem custos. Portanto, daí para práticas de corrupção, tráfico de influência e/ou impunidade seriam apenas mais uns passinhos. Em outras palavras, se a bajulação resistir aos males que o Governo prometeu combater, tudo o resto também sobreviverá.
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