Sonangol vira-se para a exploração de gás
EXPLORAÇÃO DE GÁS.As empresas petrolíferas não têm como explorar o gás condensado que vai sendo descoberto nos campos da Bacia do Kwanza e de Benguela. A justificação é a falta de um plano director.
Numa altura em que se encontra num processo de reestruturação, a petrolífera pública Sonangol anunciou, para breve, o início de contactos com o operador da concessão do bloco 24/11 para discutir o aproveitamento, desenvolvimento e monetização dos recursos de gás natural descobertos.
A Bacia do Kwanza, onde se situa o bloco 24/11, contém quase exclusivamente gás condensado, de acordo com indicações das petrolíferas internacionais que desenvolvem pesquisas nos seus campos. Mas, por falta de um plano director do gás, essas empresas catalogam apenas as descobertas, incluindo a localização dos poços, e entregam os mapas à Sonangol, segundo avançou ao VALOR fonte da British Petroleum. “Há poços que só têm mesmo gás e, como nós não temos contrato de exploração de gás, devolvemos o reservatório à Sonangol”, reafirma a fonte.
A explicação para a ausência de contratos de exploração de gás é o facto de o país nunca ter desenvolvido um plano director do gás.
Ao contrário do gás natural liquefeito (LNG) que é ‘associado’ à produção do petróleo, logo encontrado no mesmo processo de produção do crude, o gás condensado desenvolve-se em reservatórios próprios. Segundo estimativas, estão em causa 139 milhões de barris de gás condensado e 2,5 biliões de pés cúbicos, o equivalente a 570 milhões de barris de ‘ouro negro’ para as contas da Sonangol. “Numa altura em que muitos campos petrolíferos estão a entrar em declínio de vida útil, a produção do gás é uma boa opção”, considerou a fonte da BP.
O plano director do gás “vai definir a legislação adequada e um quadro regulatório, contratual, tributário e fiscal que permita o contínuo investimento para a confirmação do potencial de exploração de gás natural e para a monetização dos recursos descobertos no quadro geral da estratégia para a gaseificação da nossa economia,” indica um comunicado da Sonangol.
Para produzir o gás, o país vai ter de construir uma fábrica onde será canalizado e processado todo o gás explorado, tal como acontece com a Angola LNG no Soyo. Aquela fábrica ficou orçada em mais de nove mil milhões de dólares e contabiliza vários anos para a sua conclusão. “Tudo depende das prioridades que Angola estabelecer. Mesmo em três anos pode ser construída”, calcula a fonte, referindo-se à fábrica de gás condensado.
Venâncio Mondlene acusa João Lourenço de temer reabertura do processo ‘dívidas ocultas’