TAAG pode deixar de voar para as províncias
REESTRUTURAÇÃO.Uma nova empresa de aviação comercial pública, vocacionada para voos provinciais, deverá ser criada para substituir a TAAG, que vai ocupar-se apenas das rotas internacionais.
A TAAG, companhia aérea pública, poderá, nos próximos tempos, deixar de realizar voos domésticos. Fontes ligadas ao Ministério dos Transportes avançaram ao VALOR que o Governo está a estudar a possibilidade de criar uma outra operadora comercial vocacionada somente para voos internos. Deste modo, a TAAG, que viaja regularmente para nove destinos dentro do país, deverá dedicar-se apenas a voos internacionais.
Ainda não se sabe em que moldes, nem quando esta operação deverá acontecer, mas, recentemente, a transportadora pública reduziu a sua frota de voos provinciais de oito para cinco aviões, o que está a limitar a frequência de ligações domésticas.
Especialistas em aviação comercial, que falaram sob anonimato por razões contratuais, entendem que os voos domésticos não deverão ser rentáveis para a TAAG, por causa dos custos de operação e o fraco fluxo de passageiro. A empresa pública voa até para os destinos considerados de maior custo, mas de pouca rentabilidade, como é o caso de Menongue. “A TAAG só resiste em rotas dessa natureza por se tratar de uma empresa subvencionada pelo Estado. Aliás, já há rotas como a de Malanje e Uíge que deixou de fazer por falta de passageiros”, apontaram os analistas.
Na observação destes, o crescimento da transportadora aérea pública passa necessariamente pelo asseguramento de uma operação que permita a conquista do tráfego regional e intercontinental.
Apesar dos apertos das crises financeiras, a TAAG está à espera de duas novas aeronaves do tipo Boeing 777, que devem chegar em breve para aumentar as frequências nas rotas Lisboa e Havana. Nesse momento, a companhia conta com seis aeronaves 777 que operam rotas internacionais como Havana, São Paulo e Lisboa e Dubai.
Nos últimos anos, o Governo lançou, entretanto, um processo de reformas profundas na empresa que culminou com um acordo que pôs a gestão da companhia nas mãos da Emirates. O contrato prevê um novo modelo de gestão para a TAAG, que passaou a ser gerida por um conselho de administração, composto por nove membros, cinco dos quais indicados pela parte angolana (com apenas um executivo) e os restantes quatro, todos executivos, pela parte árabe, incluindo o seu presidente.
Informações indicam que a nova equipa, liderada por Petr Murray Hill, terá descoberto um desfalque na ordem dos nove milhões de dólares dos cofres da empresa. Os valores terão saído sob pretexto de compra de um motor de avião, que jamais chegou à TAAG. As reformas em curso na operadora pública atingiram também os colaboradores, que viram a supressão temporária de subsídios e vários analistas ouvidos pelo VALOR admitem que uma das próximas “batalhas” passará pela optimização dos recursos humanos. A TAAG tem à volta de 400 trabalhadores por aeronave, enquanto em média, as companhias aéreas da dimensão da TAAG têm entre 100 e 110 funcionários por aeronave.
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