Trabalho Para Um Regresso Seguro

12 May. 2020 Marta Santos Opinião

É preciso começar a reabrir a economia.

Mesmo mantendo o Estado de Emergência, a reabertura de algumas actividades, mesmo com restrições, leva muitas pessoas a tentar retomar a normalidade possível, depois de longo período de confinamento, em que muitas empresas em Angola tiveram pessoas em regime de teletrabalho.

Sabemos que o regresso à presença física nos locais de trabalho é faseado e que tem de ser cuidadoso… Muito cuidadoso!

As autoridades divulgam várias recomendações para as empresas e para os trabalhadores, que passam pela higienização de espaços, o distanciamento físico, os equipamentos de protecção individual, a ventilação dos espaços, a etiqueta respiratória. Medidas que são devidamente pensadas de acordo com o que é emanado pelas entidades reguladoras da Saúde e que estão também alinhadas com as medidas defendidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Este regresso é também condicionado, obviamente, pelas questões relacionadas com o cuidado das crianças, mantendo-se as escolas fechadas, mas também com a falta de outras respostas sociais que impedem os trabalhadores de terem uma total disponibilidade para esse retorno.

Estas medidas impõem às empresas uma adaptação da sua operação e da sua força de trabalho, de forma a promover a continuidade do negócio.

Assim, é preciso:

Planear o regresso com segurança.

É preciso identificar quem será responsável pelo planeamento da retoma. Esta equipa deve acompanhar as recomendações das entidades responsáveis, de forma a incorporar no plano de regresso as melhores práticas, atendendo, em primeiro lugar, à segurança das pessoas, à estrutura da empresa e à actividade das suas diversas áreas naquilo que é a realidade operacional.

O que a empresa precisa de adaptar em termos dos seus processos, das suas instalações, dos equipamentos, dos horários de trabalho? Quem é responsável pala avaliação de riscos, pela monitorização e pela comunicação?

 

Definir quem vai retomar o trabalho presencial.

É preciso definir quais são as actividades que vamos priorizar em termos de regresso ao trabalho presencial. Conhecer as competências críticas que necessitamos. Reconhecer que é fundamental que essas competências sejam alvo de um plano de transferência de conhecimento que permita a sua duplicação.

Como vamos organizar o espaço físico de trabalho? Quantos trabalhadores podem estar simultaneamente nas instalações? Quem são os trabalhadores que têm de voltar a estar fisicamente no local de trabalho? Quem não tem condições para retomar a actividade presencial (trabalhadores em grupos de risco, com filhos menores, em quarentena obrigatória…)?

 

Proteger a nossa força de trabalho.

Só conseguimos tomar decisões de gestão devidamente fundamentadas, se tivermos dados reais que as sustentem. Para proteger os nossos trabalhadores, precisamos de conhecer as suas necessidades, a sua situação real face a um contexto que para todos é novo, as suas expectativas relativamente ao trabalho, os seus receios… Precisamos de monitorizar a sua reacção na fase de retoma e o impacto que as políticas e procedimentos adoptados têm no seu bem-estar e na sua produtividade.

A confiança que os trabalhadores têm na capacidade de a empresa promover as condições necessárias para um regresso seguro vai ter um impacto muito significativo na sua motivação e na sua produtividade.

A capacidade das empresas em transmitir este sentimento de protecção, segurança e apoio é fundamental para a sua sustentabilidade, para a sua imagem e para garantir a continuidade.