Unita admite fazer governo com membros do MPLA
PROPOSTA. Devolver o poder ao povo e empoderar o empresariado nacional são dos focos do programa de governação da Unita, a ser apresentado no próximo dia 23.
Unita disse estar disponível para formar um “governo de união”, inclusive com elementos do partido no poder, o MPLA.
A reafirmação é de Liberty Chiyaka, em conversa exclusiva com o Valor Económico. “Vamos contar com o concurso de todos os patriotas angolanos”, referiu o líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição, vincando que a Unita vai formar um “governo inclusivo e participativo de patriotas comprometidos com o bem-estar dos angolanos, sejam eles da Unita, do MPLA, do BD, do Projecto PRAJA Servir Angola, da Casa-CE, do PRS, da FNLA, APN, Partido Humanista, P- Njango, da sociedade civil ou angolanos sem partidos”.
Por isso, considera que o partido fundado por Jonas Malheiro Savimbi deve apresentar-se às eleições e assumir que quer governar com uma “maioria parlamentar estável”.
“A grande maioria dos angolanos quer a alternância do poder e a Unita é a alternativa credível e de confiança que Angola quer. Portanto, a alternância não é bandeira da Unita, mas sim a vontade genuína da maioria do povo angolano”, defende Chiyaka.
Em resposta a quem acusa o seu partido de não possuir um programa de governação, o parlamentar preferiu antes desferir um contra-ataque. “O Governo do Presidente João Lourenço defraudou as expectativas do povo angolano e mostrou-se incapaz de realizar obra social e económica útil para as comunidades, sejam elas urbanas, suburbanas ou do meio rural. Os angolanos ficaram mais pobres e a vida social piorou nos últimos cinco anos. Precisa-se de uma nova liderança, que, com certeza, é da Unita”.
O líder do grupo parlamentar do ‘galo negro’ destacou que o seu partido vai apresentar o programa no próximo dia 23, que considera o momento certo. “A campanha começa a 23 de Julho, e a Unita vai apresentar o programa de governação no mesmo dia. Antes da hora, não é hora e depois da hora também não é hora; a Unita vai apresentar na hora certa”, precisou.
Questionado sobre as propostas económicas que se podem esperar da Unita, Liberty Chiyaka é peremptório: “O lema do princípio ideológico orientador do nosso modelo económico é ‘Na busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade’, o quinto princípio do Projecto de Muangai”.
Ainda sobre o projecto económico, o político reforça que o seu partido “vai implementar uma política assente na agricultura e na transformação rural, através da indústria para a diversificação da economia e das exportações”. O projecto, explica, deverá ser assegurado maioritariamente pelo sector empresarial privado “e potenciado por um capital humano qualificado, com fortes investimentos na educação e na saúde, bem como na atracção do investimento direto estrangeiro”.
O líder da bancada parlamentar da Unita detalha também que a proposta económica passa igualmente pela “valorização do quadro nacional, produção nacional e justiça social e económica, e por erradicar as desigualdades regionais e humanas, com o objectivo de criar prosperidade e garantir a segurança das pessoas, das famílias, das empresas e do seu património”, para desta forma “devolver o poder ao povo e empoderar o empresariado nacional”.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...