UNTA já aceita aumento de 50%, CG-SILA e Força Sindical mantêm rejeição da proposta
SALÁRIO. Depois da reunião com os ministérios das Finanças e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, discurso consensual das confederações sindicais perde força.
Central Geral de Sindicatos Independentes e livres de Angola (CG-SILA), a Força Sindical e a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (Unta) estão desalinhadas quanto ao aumento salarial na ordem dos 50%, anunciado em Janeiro.
Depois do discurso em uníssono das forças sindicais contra a percentagem lançada por João Lourenço, a Unta afirma agora não querer “fazer mais ruído” sobre o tema, enquanto a CG-SILA e a Força Sindical continuam a opôr-se à decisão governamental.
A diferença ficou patente no encontro entre as três forças sindicais e os ministérios das Finanças (Minfin) e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS). Ou seja, à saída do encontro, uns saíram convencidos, outros nem tanto.
No caso da CG-SILA, mantém-se a renúncia ao aumento de 50%. O secretário-geral, Francisco Jacinto, assegura que ainda aguarda um pronunciamento do Presidente da República. “Reafirmámos, no encontro, que não estamos de acordo com este valor, não estamos de acordo com a forma como foi implementado e não estamos de acordo com facto de não termos sido contactados para um diálogo mais amplo e exaustivo no qual pudéssemos chegar a um acordo”, contesta.
De acordo com Francisco Jacinto, na reunião, ficou acordada a criação de um comité entre o Governo e os sindicatos, para que, futuramente, haja mais diálogo entre as partes.
No mesmo diapasão, está a Força Sindical, que é categórica em afirmar que “está de acordo com o aumento, mas não com a percentagem imposta”.
Cleofas Venâncio, secretário da Força Sindical, lembra que a proposta de aumento de 50% remonta a 2020, pelo que “já não condiz com a realidade do país”. Tal como a CG-SILA, a Força Sindical aguarda um posicionamento do Presidente da República.
Quem já parece mais convencida é a Unta, que entende que, “de forma implícita, houve alguma vontade em resolver o problema”, justificada com o facto de se terem reunido com o MAPTSS e com as Finanças, “a primeira reunião em 20 anos”, enfatiza.
O secretário-geral da Unta, José Laurindo, garante, entretanto, que, durante a reunião, manteve a posição de discordância com a percentagem de aumento do salário mínimo nacional. “Reafirmamos que o movimento sindical não está de acordo com os valores anunciados para o aumento no salário mínimo nacional”.
Ainda assim, Laurindo mostra-se “mais convencido”de que o aumento do salário mínimo na ordem dos 50% deixou de ser um problema, aceitando a percentagem apresentada pelo Governo. “Não queremos fazer mais ruídos sobre isso porque nos entendemos. Houve desculpa de parte a parte. Houve algumas falhas, mas a reunião serviu para a correcção dos erros que se têm cometido”, explica.
A 28 de Janeiro, o presidente do MPLA, João Lourenço, anunciou, em Menongue, Cuando-Cubango, que o Executivo aprovaria o aumento do salário mínimo nacional e o ajustamento dos salários da função pública. A 31 do mesmo mês, o Conselho de Ministros aprovou o aumento do salário mínimo nacional na ordem dos 50%.
Os movimentos sindicais não tardaram em pronunciar-se e mostraram-se contra a percentagem estabelecida, tendo emitido, na sequência, uma nota de repúdio remetida, no princípio de Fevereiro, ao Presidente da República. Posteriormente, aconteceu o encontro entre a CG-SILA, a Unta, a Força Sindical e o Ministério das Finanças e o MAPTSS.
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