ATÉ 2050, CONSEQUÊNCIAS PODERÃO SER JÁ VISÍVEIS

50% das praias do mundo podem desaparecer

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Estudo conclui que, até 2100, cerca de metade das praias mundiais deverão sofrer um recuo da linha costeira de cerca de 100 metros, o que significa que desaparecerão, devido às alterações climáticas.

50% das praias do mundo podem desaparecer
D.R

As alterações climáticas ameaçam cerca de metade das praias mundiais, que poderão mesmo desaparecer até ao final do século, alertou um estudo publicado esta segunda-feira no jornal científico Nature. Até 2050, as consequências poderão ser já visíveis, com as linhas costeiras a enfrentarem uma “erosão extrema” de 10 a 12%, tornando-se irreconhecíveis.

Segundo o estudo realizado pelo Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia, em parceria com universidades portuguesas, espanholas e holandesas, a dimensão de praia perdida irá variar consoante a localização. Muitas das praias mais populadas, como a costa este dos Estados Unidos, o sul da Ásia e a Europa Central, poderão sofrer um recuo da linha costeira de cerca de 100 metros até 2100.

Consideramos o limiar de 100 metros porque, se a erosão exceder 100 metros, isso significa que, muito provavelmente, a praia vai desaparecer”, explicou Michalis Vousdoukas, co-autor do estudo, em declarações à CNN, numa visão que considera “conservativa”.

Para chegar a estas conclusões, os cientistas tiveram em conta o nível do mar ao longo do tempo, os processos naturais, como a erosão e a geologia das praias, e os factores humanos, como as construções. A subida do nível da água do mar, no entanto, deverá exceder todos os outros factores.

“A costa que vemos hoje é apenas um instante no tempo. As nossas praias, os nossos pântanos e estuários recuam e avançam em resposta à mudança do nível do mar e fazem-no desde o início dos tempos”, afirmou Robert Young, um geólogo não envolvido no estudo, à CNN.

Quando o ser humano ocupa estas zonas, a capacidade de movimento e adaptação dessas praias é perturbada – as praias urbanizadas são as que mais sofrem, uma vez que têm edifícios e estradas muito próximos da linha do mar.

Alguns destes locais têm tentado reverter a situação, despejando várias toneladas de areia nas zonas mais afectadas ou construindo paredes que mantenham a areia existente do sítio. Segundo os cientistas, todas estas acções não conseguirão prevenir as consequências da subida do nível das águas e da intensificação das tempestades.

Neste momento, o que estamos a tentar fazer em todo o lado é manter a linha costeira no sítio. Mas ao longo das próximas décadas não seremos capazes de o fazer, mesmo que queiramos”, lamentou Young.

Segundo o estudo, a subida do nível do mar terá o maior impacto na Austrália, onde cerca de 50% do litoral do país deverá estar em risco até 2100. O Chile, a China, os Estados Unidos, a Rússia, o México e a Argentina também deverão enfrentar os mesmos perigos.

Apesar da previsão, os investigadores concluíram que os humanos ainda poderão reverter a situação. Com os cortes na poluição previstos pelos líderes mundiais, 22% das perdas previstas até 2050 poderão ser evitadas. O valor poderá aumentar para 40% até 2100 se o Acordo de Paris for cumprido.