Sal do Sol vende apenas 40% do que produz
MERCADO SALINEIRO. Empreendimento criado em 1993 pode encerrar, caso os constrangimentos dos últimos cinco anos continuem em 2020. CEO da empresa apela ao Governo a contactar a Associação dos Produtores e Transformadores de Sal de Angola, sempre que tencione importar o produto, para não inundar o mercado.
A empresa Sal do Sol, com sede no Namibe, vende apenas 40% da quantidade de sal que produz anualmente, segundo Fernando Solinho, CEO da entidade.
Ao VALOR, o gestor justifica-se com o “mau estado das vias”, bem como a “inexistência de cabotagem” para o escoamento por via marítima.
Para ultrapassar essa situação que dificulta o desempenho das empresas do sector, Fernando Solinho sugere mais esforço do Governo na reabilitação das vias rodoviárias, a reactivação de cabotagem com pequenos barcos com a capacidade de pelo menos 500 toneladas, além da redução da inflação para um dígito. “Já me bati junto do Ministério dos Transportes, para que se arranjassem barcaças, em alternativa à extinta Cabotangue, mas, infelizmente, aqui nada se fez”, lamenta Fernando Solinho. O gestor admite mesmo poder vir a “desistir do empreendimento” que criou em 1993, caso a realidade não altere em 2020.
Nas contas de Solinho, a companhia só “sobrevive por ter uma gestão cuidadosa e realista”, destacando não ser fácil “vender menos de 60% da produção e manter os compromissos em dia, nomeadamente salários que rondam os seis milhões de kwanzas/mês, 13.º mês durante o final de cada ano, e os impostos previstos por lei”.
A Sal do Sol, que emprega 101 pessoas, 23 das quais do sexo feminino, tem capacidade instalada para produzir seis mil toneladas de sal por ano, mas, por precaução, em resultado dos constrangimentos, tem tido uma produção inferior a cinco mil toneladas. Em 2018, por exemplo, a empresa produziu 4.100 toneladas, tendo no ano seguinte aumentado a produção em pouco mais de 9% para 4.500 toneladas.
A venda de 2018 resultou numa facturação de 150 milhões de kwanzas, sendo que, com a comercialização de 2019, a companhia arrecadou 200 milhões de kwanzas.
Apesar da subida das vendas, a Sal do Sol tem um stock com mais de 8.745 toneladas resultantes da produção de mais de dois anos, face ao “difícil acesso” aos mercados. Para reduzir essa dificuldade, a empresa optou por eleger Luanda, que já representa 50% do volume de negócios, como plataforma de distribuição para outros mercados.
Diferente de outros players do sector, que defendem o fim da importação do sal, por alegadamente haver quantidades suficientes para o consumo interno, Fernando Solinho apela ao Governo a contactar a Associação dos Produtores e Transformadores de Sal de Angola, sempre que tencione importar o produto, para não “inundar o mercado”.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...