GOURMANDISE CHOCOLATE

De loja caseira a fábrica de produção artesanal

25 Feb. 2020 (In) Formalizando


EMPREENDEDORISMO. Da vontade de agradar à filha, nasceu a ideia para a criação de um pequeno negócio caseiro que, em quase uma década, evoluiu para uma fábrica artesanal. Hoje, os chocolates de Song Livramento afirmam-se como os únicos de fabricação artenal no país e projectam-se para a conquista do mundo.

De loja caseira a fábrica de produção artesanal
D.R.

Song Livramento, 36 anos e formada em ciências sociais, é uma mulher empreendedora, que herdou do avô paterno a paixão pelo cacau, do qual fez o seu ofício. 

Tudo começou em 2010. Na altura, decidiu agradar a filha de dois anos, com os famosos ‘ovos de páscoa’ e assim nascia a ideia de  criar uma marca de chocolate.

 Nove anos depois, isto em Junho de 2019, o que era apenas um pequeno negócio caseiro com vendas pelas redes sociais evoluiu para uma fábrica artesanal, tornando o sonho em realidade.

Os primeiros seis meses são “desafiantes”, sobretudo porque  os potenciais clientes manifestam vários receios, face ao produto novo. “Não foi fácil, porque as pessoas estavam habituadas com os chocolates importados e não com os meus que são artesanais e feitos cá em Angola”, conta Livramento. 

As inquietações dos clientes têm impacto visível nos resultados. Entre Julho e Dezembro, a facturação fica-se pelos 1,6 milhões de kwanzas, à razão de 266,6 mil kwanzas por mês. “Mas hoje o negócio melhorou bastante, os produtos da Gourmandise Chocolate contam com muitos fiéis compradores”, revela a empreendedora, que, entretanto,  não detalhou os novos resultados. “Posso dizer apenas que hoje, numa única encomenda, podemos facturar mais de um milhão de kwanzas”, acrescentou, apontando a banca, as grandes superfícies, os restaurantes e hotéis entre os principais clientes.

Outro segredo está na personalização das encomendas, como revela Song Livramento. As caixinhas, por exemplo, são feitas a mão pela empreendedora e pela sua equipa e nunca são iguais. “Existem sempre pormenores que distinguem cada uma das embalagens”, conta.

NEGÓCIO EM CRESCIMENTO

Sem precisar números, Livramento assegura que gasta muito dinheiro na importação de equipamentos e de matéria-prima, sobretudo o chocolate. “Aqui não existe nada”, precisa.

Para o futuro imediato, os planos passam pela expansão do negócio, prevendo assim responder às várias  propostas para abrir lojas fora de Luanda. “Estou a estudar as melhores formas de expandir o negócio”, explica, garantido que,  ao contrário do expectável, a crise financeira aumentou o volume de encomendas, aproveitando o facto de ser a única fabricante de chocolate artesanal. “Gostaria de conhecer outras pessoas neste ramo”, refere. A última meta passa por montar uma grande fábrica em que tudo seja feito à mão.

Referindo-se ao ambiente de negócios no país, a empreendedora nota que muitos jovens possuem vontade de criar pequenos negócios, mas a burocracia tem levado muito deles a desistirem ou a guardarem os projectos nas gavetas. 

Para legalizar a sua empresa em Junho de 2019, Livramento desembolsou 460 mil kwanzas, o que lhe permitiu abrir a pequena fábrica no Morro Bento.

A SONHADORA

Natural de Luanda, Song Livramento define-se como uma mulher “sonhadora”. Desde nova quis ser advogada, mas, após lhe ser recusada a entrada no curso de Direito, mudou o foco. Começou por trabalhar na Total Angola ao longo de sete anos (2009 a 2016). Com o seu lançamento na produção de chocolate, fez formação em técnicas de chocolataria no centro de formação Selmi, em Turino, Itália. Sobre o mercado, entende que este está restrito a Luanda, identificando muitas áreas ainda por explorar.

 Hoje, a empresária já não abdica da independência, face a qualquer patrão, sublinando que não volta a trabalhar para outros. “Pretendo levar a Gourmandise ao resto de Angola e do mundo.”

Neusa Suana, 38 anos, por sinal a primeira funcionária, considera ser uma experiência boa e testemunha que acompanhou os primeiros passos da pequena fábrica. “Nunca trabalhei no ramo dos chocolates, tem sido uma experiência boa e tenho aprendido todos os dias”, precisa a jovem, que exerce na fábrica a função de assistente de venda. “O chocolate é a minha vida diária”, confessa.