Indústria das bebidas já despediu 10 mil trabalhadores
A indústria das bebidas já despediu quase 10 mil trabalhadores desde 2014, o que obrigou a que as fábricas tivessem de reduzir as linhas de produção.
A Refriango, por exemplo, reduziu as linhas de produção de 27 para sete. O administrador Estevão Daniel, assim como muitos intervenientes do sector das bebidas que estiveram no programa ‘Debate Livre’ da Tv Zimbo, queixou-se do Imposto Especial de Consumo (IEC), assumindo ser um “grande problema” que só veio agravar “ainda mais” a crise que o país enfrenta.
A Refriango também teve de diminuir o número de colaboradores, mas Estevão Daniel não especificou o número.
O sector todo já chegou a empregar 45 mil colaboradores.
Já Manuel Sumbula, presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), entende que de todas as questões que as indústrias enfrentam o que mais tem preocupado “é a onda de despedimentos”.
IEC menos gravoso
De todas as questões que preocupam o sector, o IEC tem merecido discussões com a entidade tributária. A associação já entregou uma proposta à Administração Geral Tributária (AGT). Manuel Sumbula sublinha não ser contra o imposto, mas sim contra o agravamento. A associação propõe, por exemplo, que as cervejas saiam de uma taxa de 25% para 11%. Os refrigerantes de 19% para 8%. E as bebidas espirituosas de 25% para 21%.
Manuel Sumbula avisa que o sector precisa de “celeridade” na implementação das propostas que foram apresentadas que já se arrastam há um ano. O diploma tem alguns erros que também merecem mudança, que é taxar todos os produtos da mesma forma.
Grupo Castel com baixa de 50%
O Grupo Castel, que detém as cervejeiras Cuca e EKA, já teve uma baixa de 50% nas vendas. O grupo teve de reduzir funcionários e encerrou duas fábricas. Uma, a cervejeira do Dondo, está em ‘standy by’.
Segundo o administrador delegado do grupo Castel, Philippe Frederic, com esses problemas todos, a única solução é reduzir custos. “As empresas têm de aguentar, têm de reduzir. É doloroso. Não gosto de despedir, gosto de empregar”.
Philippe Frederic defende que as empresas precisam de ajuda do Estado e que até “pode ser pontual”. “Todos fizemos um esforço de reduzir custos. Baixámos os preços dos produtos para o consumidor final de 200 para 150 kwanzas. Mas, neste momento, estamos a vender quase sem ganhar nada. Por causa de outros factores consideráveis como a desvalorização da moeda que infelizmente continua”.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...