AbwikWood quer exportar 22% da produção
MADEIRA. Empresa detém quota de mercado na ordem dos 12%, com tendência para 16 a 18%, em relação à madeira processada.
Patrão da AbwikWood, uma empresa transformadora de madeira em Malanje, queixa-se do “excesso de burocracia e desorganização do sector”, dando como exemplo projectos que levam um ano a concretizar-se, apesar de visarem o aumento da exploração para os 800 m3, cerca de 22% da exportação para Portugal, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Espanha, além dos EUA desde 202.
Carlos Cunha cita o facto de os empresários percorrerem cerca de 400 quilómetros – de Malanje até aos entrepostos de Maria Teresa e de Caxito, no Bengo – sempre que há necessidade de exportar um produto. Um procedimento que classifica de “paradoxal e inexplicável”. “Sem benefícios fiscais para a província de origem do produto a exportar”, observa.
Além disso, aponta o que considera “falta de sanidade” dos entrepostos. “O ambiente leva à degradação das paletes, provocando lesões nas peças de madeira, com entrada de terra e pedras”, sublinha.
Ao referir que a principal empresa de prestação de serviços do entreposto está a cargo dos chineses, Carlos Cunha nota que estes “priorizam os empresários também chineses, que exportam madeira em bruto (blocos), sem qualquer tratamento industrial, em prejuízo da industria nacional”.
Estes amargos de boca suscitaram, no entanto, uma onda de solidariedade no sector, que motivou a Associação Nacional dos Industriais e Madeireiros de Angola a escrever para o Ministério da Agricultura e das Pescas, sugerindo que os empresários utilizassem os próprios parques para inspecção, à semelhança do que acontece em Cabinda.
Na carta, a associação chama também a atenção para o facto de “esta situação ter feito com que se perdesse a confiança dos clientes, havendo casos de recusa aquando da recepção da mercadoria no porto de destino e de não-aceitação dos preços contratados, provocando prejuízos financeiros insustentáveis para as empresas, o que também mancha o nome de Angola no mercado”.
“AJUDAR ALAVANCAR A ECONOMIA”
Mas não é só de queixas que fala o proprietário da AbwikWood. Não obstante esta área do negócio se encontrar ainda em fase média de desenvolvimento, o objectivo do empresário é que este segmento venha a representar metade da produção da empresa. “Nós prevemos mais tarde exportar cerca de metade da nossa produção, ou seja 1.800 m3”, indicou Carlos Cunha, acrescentando terem capacidade para mais, embora estejam limitados pelos condicionamentos da exploração sustentada.
Com uma capacidade de produção de 3.600 m3/ano, a empresa com uma quota de mercado na ordem de 12%, com tendência para 16 a 18%, quanto à madeira processada, detém indústrias de material mobiliário, de serragem e de folha da madeira.
A nível da facturação, “um aumento significativo”, apontado como meta para 2020, de 700 milhões – quase o dobro dos 450 milhões de 2019 – foi indicado por aquele empresário como “prova da vontade de ajudar a alavancar a economia”. “Nós não desistimos”, assegura.
Inaugurada em 2019, a AbwikWood, que também detém empreendimentos na área da hotelaria, emprega 300 pessoas. Segundo Carlos Cunha, apesar das dificuldades que o país atravessa a todos os níveis, a empresa “mantém o capital humano sem restrições salariais”.
Em Malanje, mais precisamente no Pólo Industrial onde está instalado, este é classificado como o maior e mais credível grupo empresarial do Planalto Norte, mas o proprietário da AbwikWood sublinha que é “difícil” ser-se empresário sem as condições elementares em termos de infra-estruturas. “A água e a luz das nossas instalações no recinto do Pólo Industrial foram custeadas por nós”, explica. Para Carlos Cunha, é imperioso “sair dos gabinetes”, trabalhar com os empresários e “identificar as dificuldades que cada um enfrenta, dando-lhes uma resposta efectiva”.
IDF rejeita acusação e diz que tudo é legal
Em declarações ao VE, questionado sobre as acusações de falta de condições nos entrepostos aduaneiros e sobre a razão que leva as empresas de madeira de Cabinda a utilizarem os próprios parques para a inspecção (ao contrário das restantes do país), Simão Zau afirmou que todos os procedimentos são legais.
Segundo o director do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), instituição responsável pela gestão dos entrepostos, “esses empreendimentos foram construídos para cumprir um objectivo claro da lei: fiscalização, comercialização da madeira e inspecção”, sublinhando que o caso de Cabinda se deve ao facto de aquela província não ter um entreposto, “mas, assim que for construído, as inspecções deixam de ser feitas nos recintos das próprias empresas”.
No que diz respeito às reduzidas condições físicas dos entrepostos, o director do IDF assegurou que já foram desbloqueadas as questões relacionadas com as finanças para melhorar aqueles espaços. Acrescenta que, depois de concluídas as obras, se seguirá um concurso público “para empresas com experiência na prestação de serviços em várias áreas desse sector”.
JLo do lado errado da história