Crise trava expansão de marca de roupa
A crise económica que se arrasta desde os finais de 2014 frustrou a abertura de 50 lojas, distribuídas pelo país, da marca Beatriz Frank, que chegou a ter um investimento estimado em cinco milhões de dólares. Actualmente, dispõe somente de duas lojas físicas, uma das quais inaugurada recentemente em Luanda, e outra 'online', usada em fase de pandemia para minimizar o impacto financeiro.
A proprietária, com o mesmo nome, estima ter alcançado só 1% das expectativas da marca. Projecta abrir, este ano, lojas nos principais pontos da capital, sem, no entanto, precisar o número por conta da instabilidade do mercado financeiro angolano. Cada loja poderá custar entre os 300 e os 400 mil dólares, financiadas a 50% pela banca e na mesma percentagem por investimento próprio.
“A situação irregular e a desvalorização do kwanza impedem de programar correctamente o lançamento de novas lojas”, lamenta.
Ainda assim, Beatriz Frank, fruto de compras por parte de clientes congoleses, pretende, no próximo ano, abrir as primeiras lojas nos dois Congos, cujo investimento será metade do que foi feito em Angola pelo facto de os materiais nestes países serem mais baratos. Europa e América são outros mercados em que a empresária pretende também ‘atacar’ com lojas físicas futuramente.
Por outro lado, Beatriz Frank mostra-se revoltada com as actuais taxas de importação aplicadas, que, segundo ela, juntam-se à crise económica e que isso "complica, de grosso modo, o preço final do produto".
“Temos a taxa agravada para a importação de vestuário num país em que, aparentemente, não tem quaisquer condições para a produção de vestuário. Quem acaba por sofrer mais é a classe baixa, predominante em Angola. O Governo reviu as taxas aduaneiras, mas, mais uma vez, deixou o vestuário, como se não fosse uma necessidade básica do ser humano quando aprendemos desde a terceira classe que a necessidade do ser humano é habitação, vestuário, alimentação e saúde”, crítica.
A produzir a marca de roupa, que agora se estendeu aos óculos, na China e Itália, a empresária desacredita na política de incentivo à produção nacional: "Por enquanto, é uma utopia esta propalação do executivo concernente à produção, porque, de todos os pontos de vista, é impossível produzir cá roupa porque não temos algodão, as fábricas de tecidos estão paralisadas, agora é que o Governo está a tentar reactivar algumas com imensas dificuldades. Matérias-primas, como botões, fecho, linhas e especialistas em designer, corte e costura, não temos”, lamenta.
Acrescenta, se “fizer aqui não se consegue vender porque o custo de produção é altíssimo.” Apesar disso, crê que, daqui a dez anos, o país poderá produzir roupas, caso o Governo tome “medidas urgentes.”
Com perspectiva de lançar produtos diversificados, a marca Beatriz Frank, através da loja online, exporta para os EUA, Inglaterra, Canadá, Austrália, Irlanda, França, Moçambique, Portugal e Brasil.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...