Indústria leiteira declara não estar preparada para importar a granel
A Associação das Indústrias Leiteiras de Angola (AILA) declara-se despreparada para importar leite a granel, no âmbito do decreto do Ministério do Comércio e Indústria que restringe a importação de produtos pré-embalados como arroz, açúcar, farinha de trigo, farinha de milho, feijão e leite em pó em embalagens de 25 a 50 quilos.
O director financeiro da AILA, Pedro Baptista, disse citado pela Angop que foi endereçada abundante correspondência ao ministério sobre a incapacidade de importar, em comunicações sempre suportadas por cartas dos fornecedores internacionais a declararem também não estar preparados para fornecer nesse formato.
"Não estamos preparados para receber big bags em leite, de modo que aguardamos que a indústria de empacotamento de leite possa ser abrangida com o regime de excepção, mas também não temos nenhuma confirmação”, afirmou, prevendo o abrandamento da oferta desse produto no país.
O Valor Económico avançou esta semana que a medida continua a causar divergências entre distribuidores e o Ministério do Comércio e Indústria. Empresários manifestam-se apreensivos sobre as vantagens, o ministério garante “não haver razões para receios”.
O documento, que começou já a vigorar esta semana, explica que vai introduzir a restrição progressiva da importação de produtos pré-embalados, em particular a pequena embalagem, mas incentiva a importação em granel, mas com a obrigação dos produtos serem embalados por empresas nacionais.
As regras aplicam-se a todos os agentes comerciais. Com a entrada em vigor do diploma, é licenciada apenas a importação a granel, em ‘big bags’, de produtos como açúcar, arroz, farinhas de trigo e de milho, feijão, leite em pó, óleo alimentar, ração animal, sal grosso e refinado, semolina de trigo, carnes de porco e de vaca, margarinas e sabão.
O Ministério do Comércio acredita que a introdução da medida vai gerar “importantes ganhos para o país e a população em geral” e que os produtos vão “ser importados a preços mais baixos”.
Já o presidente da Associação de Empresas do Comércio e Distribuição Moderna de Angola (Ecodima) tem outra opinião, admitindo que só por "milagres é que os preços baixam".
A associação representa as grandes superfícies e supermercados, os maiores importadores de produtos alimentares. O presidente Raul Mateus afirma que os distribuidores "não têm alternativa se não a de cumprirem".
A Ecodima, na altura da saída do decreto, contestou a decisão e lembrou que poderiam "surgir alguns monopólios e oligopólios". Sem ter sido consultado, Raul Mateus lembrava que os três meses dados eram "insuficientes para que o país criasse todas condições". “A preocupação mantém-se. Vamos aguardar. O que podemos fazer? É uma decisão. Se o objectivo é baixar preços vamos esperar que os preços vão baixar. Vamos aguardar um por milagre”, afirma.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...