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Há vendedores a desistir do negócio

Vendas de máscaras de pano em queda

21 Jul. 2021 V E (In) Formalizando

PANDEMIA.  Quebra é justificada, entre outras razões, pela concorrência chinesa e pelo recuo dos preços das máscaras cirúrgicas. Presidente da Associação das Indústrias Têxteis fala em falta de apoio do Estado e lembra que meta de produção de 10 milhões de máscaras caiu por terra.

Vendas de  máscaras de pano em queda
D.R

Depois de um período promissor, no início da pandemia, os produtores de máscaras de pano já começaram a abandonar o negócio por causa da queda abrupta da procura e, em simultâneo, pela descida dos preços das cirúrgicas.

O designer que se apresenta com o nome artístico Dro Enzo chegou a produzir, no início da pandemia, entre 10 e 15 máscaras diárias que eram vendidas, cada uma, entre 500 kwanzas, para crianças, e mil kwanzas para adultos. Tinha lucros diários a oscilar dos 15 mil a 20 mil kwanzas, contra os cinco mil kwanzas que investia na compra de cada metro de pano.

Alfaiate desde 1984, José António também ficou com o negócio afectado, depois de produzir entre 15 e 200 máscaras por dia. Com a queda na procura, limita-se agora a confeccionar máscaras como um complemento, ou seja, faz apenas para festas e "para acompanhar com a roupa".

Também Dro Enz passou a produzir apenas para dar máscaras como bónus para os clientes que solicitam a confecção de roupa para cerimónias especiais.

O presidente da Associação das Indústrias Têxteis explica que se deixou de produzir em grandes quantidades, por causa da concorrência da China, que exporta também para Angola. Daniel Pires acrescenta ainda que "falta incentivo do Estado".

Em Maio de 2020, a associação anunciou ter um projecto que visava a produção de 10 milhões de máscaras até ao final do ano, com o apoio de 30 associações. Mas a ideia caiu por terra. “As máscaras artesanais pararam de ser compradas porque as pessoas acham normal adquirir duas a 100 kwanzas enquanto uma artesanal, mesmo a depender da qualidade, custa entre 500 e mil kwanzas”, explica o líder associativo.

A covid-19 provocou a paralisação de muitos vendedores ambulantes. Ao mesmo tempo abriu outras oportunidades de negócio, como a produção e venda de máscaras. Desde o início da pandemia, muitas vendedoras de frutas, águas e gasosa optaram também por este negócio.  Antes da pandemia, Amélia Ginga, por exemplo, vendia sabonetes e pastas de dente. Depois, optou por máscaras, comprando caixas a 500 kwanzas e revendendo-as por entre 800 e mil kwanzas. Por mês, garante conseguir lucros de 15 mil kwanzas.