Madeireiros defendem que sector está aquém das expectativas
RECURSOS FLORESTAIS. Líder dos madeireiros reconhece trabalho do Ministério que tutela as florestas, mas questiona o processo de atribuição de licenças.
O presidente da Associação Nacional dos Industriais e Madeireiros de Angola (Anima), José Veríssimo, sente que o trabalho do Ministério da Agricultura e Pescas (Minagrip) em melhorar e estabilizar o sector ainda está muito aquém das expectativas dos operadores.
Veríssimo aponta o processo “crucial” de licenciamento para notar que, embora este ano algumas licenças tenham sido concedidas antes do início da campanha florestal”, ainda não gera o necessário “conforto”, referindo que o “esquema” continua. “Quantas empresas beneficiaram deste esforço do órgão reitor? Em contraponto, quantas empresas até hoje ainda não foram atendidas? E se isto ocorre desta maneira, não temos de culpar apenas a direcção central do órgão emissor das licenças. Sabemos que há muitos problemas a nível dos órgãos locais, isto é, nas províncias, de onde partem os processos. E porque é que isto acontece? Porque não há alinhamento entre os vários intervenientes na cadeia e, isto, infelizmente, apenas prejudica em primeira instância, os empresários florestais e, por arrasto, toda a economia do país”.
O Governo anunciou, em Maio, a atribuição das primeiras licenças às principais empresas de exploração de madeira, entretanto, não especificadas. As dificuldades no financiamento de projectos, porque apenas "atingem quem transforma", representam um dos grandes desafios da Anima. E José Veríssimo diz mesmo que “o sector está numa situação estacionária”, agravada pela pandemia.
Ao lado dos constrangimentos, o empresário vê, entretanto, o futuro com “alguma esperança”, considerando que “o objectivo principal é ajudar as autoridades a gizarem políticas consentâneas visando tirar vantagens na exploração desses recursos de forma sustentável”.
Dados do 1.º Inventário Florestal Nacional de 2017 indicam que o país tem um potencial florestal estimado em 70 milhões de hectares de floresta nativa, o que representa 55,6% do território nacional.
Não existe ainda uma caracterização profunda do nosso manancial madeireiro, mas estudos globais apontam que os recursos florestais são complexos e têm “mil utilidades”, servindo de lar de cerca de 80% das espécies de anfíbios, 75% das aves, 68% dos mamíferos e uma fonte inestimável para a subsistência de cerca de 2,4 mil milhões de pessoas em todo o planeta.
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