DE SHOPPING A DEPÓSITO DE CARROS-DE-MÃO 

Grupo César e Filhos sem dinheiro para concluir Golf Center

DISTRIBUIÇÃO. Teve duas datas de inauguração, mas nenhuma foi cumprida. Não há previsão de conclusão do centro comercial que agora é depósito de carros-de-mão.

Grupo César e Filhos sem dinheiro para concluir Golf Center

Após seis anos do período estabelecido para a sua inauguração, o Golf Center, detido pelo Grupo César e Filhos, continua sem data para a efectiva conclusão. As obras estão completamente paralisadas, depois de registar um período de “anda, pára”, sem margem de retoma. Uma fonte ligada à administração da empresa aponta a crise financeira como o principal motivo para o não cumprimento das metas, além do que diz serem outras “razões alheias à nossa vontade”.

Localizado numa zona “estratégica”, o empreendimento já foi cobiçado por outros operadores que demonstraram interesse em explorar o espaço, com a implementação de cinema e supermercado. No entanto, segundo a fonte, pelo facto de ser considerado o “bebé” da empresa, a administração não tem qualquer intenção de arrendar o imóvel.

O Golf Center surgiu na época do ‘boom’ da construção de centros comerciais nas áreas mais movimentadas da cidade de Luanda. Tinha previsão de inauguração, primeiro, para 2014, mas não se concretizou pelo atraso das obras, tendo sido equacionada a abertura para o ano seguinte. Daí as obras foram ocorrendo intermitentemente, até paralisar totalmente em 2015. 

Actualmente, o clima no empreendimento é quase de abandono: alta vegetação, materiais de construção espalhados pelo quintal e uma estrutura ofuscada pela poeira.

A emblemática estrutura, até então muito esperada pelos moradores da Vila Estoril e zonas adjacentes, é agora depósito de produtos de zungueiras que se dedicam à venda ambulante nas imediações e de carros-de-mão, ao estilo de parque de ‘estacionamento’ nocturno. A troco de 100 kwanzas, os operadores de transporte manual de cargas (conhecidos por roboteiros) deixam aos cuidados dos seguranças os seus meios de trabalho. Além de se transformar numa paragem predilecta das trabalhadoras de sexo.

Contactado pelo Valor Económico, o grupo César e Filhos, num primeiro momento, predispôs-se a responder às questões, prometendo fazê-lo via e-mail. No entanto, pela mesma via, respondeu não estar interessado em responder às perguntas, tendo sugerido que “não divulgasse qualquer matéria” sobre o centro comercial “sem a devida autorização.”

Avaliado em 47 milhões de dólares, o shopping instalado no antigo espaço do hipermercado da empresa, Inter Park, ocupa uma área de 54 mil metros quadrados, teria 130 lojas, 90% das quais já se encontravam reservadas, segundo informação oficial. Contaria também com cinco restaurantes e seis salas de cinema. No global, a previsão era de gerar 1.250 postos de trabalho directos e 2.750 indirectos.