A origem da fortuna do homem que quer criar uma ‘colónia’ em Marte
CARREIRA. Considerado o 34.º homem mais rico do mundo pela Forbes, com uma fortuna avaliada em 12,9 mil milhões de dólares, Elon Musk fundou a SpaceX, a primeira empresa privada de exploração espacial a conseguir um contrato com a NASA para o abastecimento da Estação Espacial Internacional.
Elon Musk nasceu e cresceu na África do Sul, tendo mudado, mais tarde, para o Canadá. De lá, voou para os EUA. Acabou por estudar Física e Economia na Universidade de Pennsylvania e, com 24 anos, foi para Stanford tirar um doutoramento em Física Aplicada.
Desistiu dois anos depois para lançar a sua primeira empresa, a Zip2, com o irmão Kimbal, e que teve clientes como o The New York Times. Em 1999, vendeu-a à Compaq por 307 milhões de dólares em dinheiro e 34 milhões em acções. Da venda da Zip2, Musk recebeu 22 milhões de dólares. É aqui que o dinheiro começa a atrair dinheiro.
Deste montante pegou em 10 milhões e fundou a X.com, uma empresa de serviços financeiros online que mais tarde (e após a fusão com a Confinity), se chamaria PayPal — e que pôs Musk e o recém-lançado sistema de pagamento digital no palco da comunidade tecnológica mundial.
“O chefe da máfia do PayPal”, como viria a ser conhecido — ainda que pelo caminho tenha sido atraiçoado pelos colaboradores e substituído no cargo de CEO pelo icónico e polémico Peter Thiel.
Mas isso não foi um problema. Se Musk não podia influenciar a empresa de uma forma, decidiu influenciá-la por outra. Afastado da posição de liderança, o homem que Eric Jackson, autor do livro The PayPal Wars: Battles with eBay, the Media, the Mafia, and the rest of Planet Earth, afirmou ser um “idiota egocêntrico” começou a investir no PayPal até se tornar o seu principal accionista.
A venda milionária da empresa ao eBay, por 1,5 mil milhões de dólares, em 2002, acabou por ser a sua rampa de lançamento.
É com os 200 milhões de dólares que capta com esta operação que começa a investir noutros campos da tecnologia. É por esta altura que começa a sua obsessão por Marte e pela civilização auto-sustentável que quer que exista no planeta vermelho.
Em 2002, e com 100 milhões de euros, Musk fundou a SpaceX, a primeira empresa privada de exploração espacial a conseguir um contrato com a NASA para o abastecimento da Estação Espacial Internacional. Musk saiu de Silicon Valley e mudou-se para Los Angeles, onde tem a sede da empresa e arrancou com aquela que passou a ser considerada a “Agenda de Marte”.
Em 2040, Musk quer ter uma colónia auto-sustentável de 80 mil pessoas a viver no planeta vermelho, onde todos os transportes serão eléctricos.
De acordo com o The New York Times, Musk estima que o foguetão que vai permitir levar pessoas a Marte custe 10 mil milhões de dólares e o plano é que a primeira viagem ocorra já em 2024.
Enquanto a nave não descola, a empresa de Elon Musk vai gastando dezenas de milhões de dólares por ano a desenvolvê-la. A ideia é que cada voo transporte cerca de 100 pessoas e que os preços da viagem andem entre os 100 mil e os 200 mil dólares até que a cidade auto-sustentável de Marte esteja efectivamente pronta, Musk estima que passem entre 40 e 100 anos.
Quando vendeu o PayPal e fundou a SpaceX, além de ter investido na Tesla, Elon Musk investiu 10 milhões de dólares na SolarCity, que foi fundada pelos primos Lyndon e Peter Rive em 2006 e que foi recentemente adquirida pela irmã Tesla por 2,6 mil milhões de dólares.
A SolarCity tem-se dedicado à produção e instalação de painéis solares e — apesar de as suas dívidas ascenderem a 6,3 mil milhões de euros — conseguiu recentemente pôr a ilha de Ta’u, no Oceano Pacífico, a ser abastecida por painéis solares quase na totalidade.
A ilha da Samoa Americana, que se situa na Polinésia, mas é administrada pelos EUA, tem menos de 600 habitantes e 5.328 painéis solares e 60 Tesla Powerbacks, que substituem os 413.910 litros de gasóleo que a ilha tem de importar todos os anos.
DA TESLA A HYPERLOOP
Foi em 2004 que Elon Musk investiu 7,5 milhões de dólares na empresa de carros 100% eléctricos, a Tesla, liderando a ronda de investimento Série A da empresa e tornando-se seu presidente não executivo.
A liderança nas operações, enquanto CEO, chegou quatro anos depois, na sequência da crise financeira. Foi aí que o investidor tomou as rédeas operacionais da empresa, mas foi preciso um milagre de Natal para salvar a Tesla da falência.
Neste momento, já existem estações de carregamento para carros Tesla, que custam cerca de 100 mil euros e são vendidas directamente ao consumidor pela marca, ignorando e afrontando o modelo tradicional dos concessionários automóveis. Elon Musk estima que sejam vendidos 500.000 carros Tesla por ano.
Na primeira Gigafactory, nos EUA, foram investidos mais de 5.000 milhões de dólares e as estimativas apontam para que sejam criados 6.500 postos de trabalho directos e 11 mil indirectos.
O projecto mais recente de Musk é a Hyperloop, um novo comboio supersónico que deverá conseguir percorrer uma distância de 600 quilómetros em meia hora, atingindo 1.223 quilómetros por hora.
O primeiro protótipo, que se chama DevLoop, está a ser construído no deserto de Las Vegas. E a autoridade responsável pelos transportes do Dubai já realizou um acordo com a empresa, para que comece a estudar a construção da primeira rede de passageiros e mercadorias entre o Dubai e Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, que vai percorrer cerca de 160 km em apenas 12 minutos.
*Com agências
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