A peso de ouro ?nas ruas de Luanda
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COMÉRCIO. Vender jóias de ouro ou de prata, nas ruas e mercados, é a alternativa que muitos encontram para ganhar a vida. Apesar de não haver muitos clientes, pode obter-se um rendimento mensal de mais de dois milhões de kwanzas. Mas, mesmo assim, há quem apele por apoios, para alargar o negócio.
Há quem esteja a facturar, em apenas uma semana, mais de 600 mil kwanzas, com a venda de alianças (de noivado e casamento), anéis, mascotes, fios para o pescoço, brincos e medalhas de ouro e de prata, nos mercados e ruas. É o caso de António Fernando Lopes, que tem uma bancada logo na entrada do mercado dos Congolenses, em Luanda. Aqui, apesar de haver pouca procura, vende, em média, 10 a 15 gramas de ouro e prata por dia e, arrecada, no mesmo período, cerca de 100 mil kwanzas.
Nas montras improvisadas, espalhadas em diversos pontos de Luanda, encontram-se peças de 9, 14, 18, 20 e 24 quilates (que define e qualidade do produto). A de 18 é a mais procurada. Os clientes, por uma aliança fina (2g) podem pagar 44 dólares, também convertidos em kwanzas. O cliente define o tipo, se de ouro ou de prata, que é testada no local, para determinar a qualidade. Depois é pesada, para se saber o volume e o preço. “Não definimos o preço do produto pelo tamanho, mas sim pelo quilate e grama”, explica António Lopes.
Estes vendedores de rua reconhecem que existem muitas dúvidas sobre a qualidade e a origem dos artigos que comercializam. Em muitos casos, são tidos como incentivadores do roubo de jóias, pelo facto de também comprarem peças antigas. Até já foram “confundidos com gatunos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC). Achavam que tudo o que vendemos era roubado”, conta António Lopes. Normalmente comercializam ouro e prata provenientes da Ásia, Portugal, França e de alguns países africanos. Além de pagarem por cada grama 11 dólares, conseguem produzir diferentes tipos de artigos, garante o também coordenador dos 15 vendedores de jóias dos Congolenses, que, por dia, pagam uma taxa pelo lugar de 150 kwanzas.
TRANSFORMAR O VELHO EM NOVO
Outro local de referência de venda de jóias é o mercado do Palanca, em Luanda. Aqui encontram-se vários comerciantes, provenientes de diversos pontos do continente. Simão Maluvu é um deles. Além de vender, é um grande comprador de joias antigas. Paga, por cada grama de 18 quilates, 15 dólares, que podem ser convertidos em kwanzas, dependendo do interesse do vendedor. Depois de adquirir o artigo, transforma-o em novo e que mais tarde acaba sempre por revender a 20 dólares. “Apesar de não ser um espaço ideal para estes serviços, muitos preferem vender-me o que têm devido ao valor que pago, que é superior ao que as grandes casas de bijuterias e ourivesarias, até as de renome, oferecem”, justifica o seu sucesso.
Com o que compra, Simão Maluvu consegue produzir medalhas, ‘mascotes’, anéis, alianças e brincos. Também faz reparação de artigos, bem como coloca nomes em qualquer objecto, desde que este seja de ouro ou de prata.
SEM ALVARÁ, MAS COM TAXA
Apesar de pagarem o lugar, consideram-se “ambulantes”, devido à falta de um espaço próprio e de um alvará comercial. Mas sentem-se prontos para abraçar projectos maiores, para aumentar a concorrência com as empresas que oferecem este tipo de serviços. “Não há muita procura dos produtos, mas o negócio é rentável. Temos todos os materiais usados nas casas de bijuterias e ourivesarias. Infelizmente, não temos alvará comercial, por falta de dinheiro e por ser difícil de se tratar”. Mesmo sem o lugar fixo, pagam, como vendedores de rua, uma taxa de 350 kwanzas. 200 para o proprietário de um espaço ao lado de mercado e mais 150 para a fiscalização. “Com financiamentos, podemos alargar o negócio”, defende Nsimba Mango.
A MAIOR MONTRA
É considerado como a principal zona de Luanda onde se comercializa joias de ouro, prata e, até ‘garantia’ (metal que perde a cor com o passar do tempo), no mercado do São Paulo, são os cabo-verdianos e congolenses que dominam o negócio. Os preços, apesar de também serem determinados pelo peso do produto, obedecem a outros figurinos, como, por exemplo, a forma da joia. Um fio de pescoço grosso, vulgarmente conhecido como ‘centopeia’ de ouro pode custar até um milhão de kwanzas, enquanto o de prata 900 mil kwanzas. Já os mesmos artigos, mas relativamente mais finos, oscilam entre os 250 mil e os 300 mil kwanzas, para ouro e prata, respectivamente. É neste mercado onde Marcelina Varela praticamente ganha a vida, há mais de 10 anos. Num único dia, pode vender entre cinco a sete joias, com maior destaque para as alianças de casamento e noivado, os brincos e fios de pescoço. E facturar em sete dias quase dois milhões de kwanzas. “As joias são feitas no Brasil e em Portugal e, cada uma tem um preço. Há dias, nos finais de semana, em que recebemos muitos clientes e aumenta a procura de mascotes, tanto de ouro como de prata”, garante.
Entre os poucos angolanos no negócio está Victor Manuel. Com a destruição do ‘Roque Santeiro’, viu-se forçado a encontrar um espaço no São Paulo. Além de vender e comprar, repara e escreve o nome em qualquer tipo de joias. Apesar de não revelar os preços, diz ser uma arte que o ajudou a construir um sonho: terminar a licenciatura em gestão de recursos humanos. A falta de oportunidade de emprego e a paixão pela arte fazem-no continuar no negócio, que considera ser “rentável”.
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