JONE FERREIRA, ARTISTA PLÁSTICO E ESCULTOR

A transformar lixo em luxo

19 Feb. 2018 Marcas & Estilos

ESCULTURA. Autor da exposição ‘A Lenda da Transformação’, Jone Ferreira prevê inaugurar, nos próximos meses, o ‘Museu do Lixo’, em Belas, Luanda. O objectivo passa por fazer uma “revolução” nas artes, usando material reciclado, representando figuras históricas e políticas do país e do mundo.

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Jone Ferreira, de 29 anos, começou a mostrar interesse pelas artes plásticas e pela escultura ainda na infância. O sonho de se tornar profissional viria a tornar-se realidade aos 15 anos, quando transformou as máscaras dos ‘Power Rangers’, ainda na terra que o viu nascer, Kwanza-Norte.

Além de dedicar o tempo às artes, ensina um grupo de jovens a esculpir, pintar e a desenhar.

Além disso, é fundador e professor da Escola da Fraternidade União Arte Angola Motor Ecológico, uma instituição que trabalha para o desenvolvimento sociocultural e que visa resgatar os valores morais e culturais dos povos.

Jone Ferreira trabalha essencialmente com material reciclável (alumínio e ferro, restos de carros velhos, combustível, papelão, entre outros) para poder construir esculturas imponentes, representando figuras históricas e políticas do país e do mundo.

Com este método, pretende fazer uma “revolução” no campo da ciência artística. “Este método, que visa demonstrar um padrão de transformar o ‘lixo em luxo’, é um padrão de transformação, restituição e recuperação de certos resíduos e não só. A ideia é que este seja um projecto contínuo”, esclarece o jovem.

Para dar corpo à ideia, Jone Ferreira criou um projecto denominado ‘Museu do Lixo’, que pretende dar sequência à exposição ‘A Lenda da Transformação’, que esteve patente no Espaço ELA, em Luanda. Tanto a exposição como o projecto têm como objectivo atrair visitantes e, de certa forma, sustentar o turismo em Angola. “Dentro do campo científico, a nossa preocupação é transformar as obras em símbolos para despertar valores não só para a diversificação da economia bem como despertar o espírito da africanidade, valores morais e a nossa tradição. Pretendemos transformar a tradição em robótica, transformar um rei do passado em numa proporção actual que visa competir com os legados de desafios científicos internacionais”.

Jone Ferreira está a trabalhar em parceria com o Ministério do Ambiente para que o ‘Museu do Lixo’ seja inaugurado entre Junho e Julho deste ano. Para o mentor, “está a valer a pena”. A iniciativa apesar de estar a receber o apoio que ele considera “necessário” do público, prevê ajudar o Estado a desenvolver a pedagogia social com a arte.

O custo das suas obras variam entre os 400 mil e um milhão de kwanzas, dependendo muito do resíduo recuperado, da temática e do tipo de trabalho.