Académicos defendem multiplicação de fauna e flora marinhas
SUSTENTABILIDADE. Biólogo português acredita ser necessário juntar factores económicos e sociais aos aspectos ambientais e ecológicos, para um desenvolvimento sustentável.
A multiplicação de animais e plantas nas águas costeiras de Angola pode ser fundamental e contribuir para o desenvolvimento sustentável e económico. Esta posição foi defendida na semana passada, no Namibe, pelo professor e biólogo Rui Rocha, da Universidade de Aveiro de Portugal, durante a primeira conferência internacional sobre ciência do mar realizada na Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe.
O académico, cuja prelecção teve como principal destaque a aquicultura, defendeu ser necessário não dissociar pilares fundamentais como a economia e a sociedade dos aspectos ambientais e ecológicos. “Se não houver um crescimento equilibrado, não vamos conseguir manter a plataforma do desenvolvimento sustentável. Portanto, é importante termos em conta esses três aspectos e desenvolver metodologias para a investigação de novas espécies”, recomendou.
Rui Rocha, que visita Angola pela terceira vez, critica o excesso de investimento que se faz em quase todo o mundo no cultivo de plantas carnívoras e defende ser importante apostar na criação e na manutenção de espécies de baixo nível trófico, ou seja, aquelas que se alimentam de proteínas vegetais e algas.
O biólogo acredita que o Namibe tem condições para a prática da aquicultura e apresenta como exemplo os bivalves (moluscos ou organismos que se caracterizam pela presença de uma concha), que considera excelente grupo para cultivar, dado que a província dispõe de ostras de “excessiva qualidade”, “senão do melhor que pode haver no mundo”. “O Namibe tem capacidade para fazer um cultivo a pensar no mercado nacional, sobretudo ao internacional e na valorização dos produtos locais”, elucidou Rui Rocha, reforçando que o impacto ambiental que a aquicultura provoca normalmente deriva de nutrientes em excesso na água e que pode facilmente ser controlado.
“Espécies devem ser preservadas”
Quem também participou da primeira conferência internacional sobre o mar foi a ministra das Pescas, que defendeu ser “imprescindível” o exercício racional e ecológico, bem como a preservação das diferentes espécies, “para que o mar possa contribuir para a economia nacional”.
Segundo Vitória de Barros Neto, neste momento “particularmente difícil”, com repercussão em todos os sectores da vida social, em que enfrentamos uma das maiores crises económica e financeira da nossa história, o sector das pescas e do mar “pode perfeitamente dar uma contribuição para resolver parte dos problemas”.
Para a governante, outro desafio a enfrentar prende-se com a exploração e desenvolvimento de bases de conhecimento multidisciplinares e multissectoriais que, devidamente articuladas, podem garantir a busca adequada dos vários sectores que intervêm no mar, como dos transportes, marítimos, construção naval, aquicultura, ecoturismo, desportos náuticos de recreio, entre outros.
“Conscientes da importância da implementação das políticas sobre o mar no contexto das nações, apoiaremos incondicionalmente quaisquer iniciativas do sector, no sentido de o alavancar, contribuindo, desse modo, para a diversificação, crescimento e fortalecimento da nossa economia, por via de uma maior produtividade das empresas, o que nos poderá proporcionar o aumento de rendimentos e a melhoria da condição de vida de muitas famílias”, apontou a ministra.
“Entre as melhores do mundo”
As infra-estruturas laboratoriais e as condições de ensino na Academia de Pescas e Ciências do Mar do Namibe “estão muito acima da média de entre as instituições similares espalhadas pelo mundo”. Segundo Rui Rocha, a Academia do Namibe, a qual visita pela primeira vez, “é das melhores do mundo” porque reúne, para além de laboratórios devididamente equipados, “as melhores condições para acomodar os professores os e alunos”. “E não estou a dizer isso com qualquer tipo de intenção de agradar. Não.
É um facto. Pois é a primeira vez que venho ao Namibe e tive agradáveis surpresas, dado o aspecto geográfico da província. Essa é uma região que transmite calma, paz de espírito e é muito diferente da agitação de Luanda”, compara, apelando aos angolanos a orgulharem-se da instituição de que dispõem.
A instituição, com estatuto público e privado, conta com 144 docentes e mais de mil estudantes. Tem três faculdades e lecciona oito cursos: administração e gestão, navegação e mecânica naval, recursos marinhos, aquicultura, tecnologia organização, oceanografia, electrotecnia e electrónica industrial, assim como processamento de pescado.
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