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UNIÃO EUROPEIA MANTÉM POSIÇÃO, MAS JÁ RECONHECE IMPERFEIÇÃO DO DOCUMENTO

Acordo nuclear com o irão

21 May. 2018 Valor Económico Mundo

NUCLEAR. Desde que chegou ao poder, Donald Trump desfez três acordos internacionais, deixando em contra-mão os principais aliados europeus.

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Manter o acordo nuclear iraniano configura-se o principal desafio da União Europeia na relação diplomática com os EUA, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, rasgar o documento e ameaçar com sanções quem não compactuar com a sua posição.

O assunto continua a tirar o sono dos líderes europeus, que já reconheceram que o acordo nuclear iraniano “não é perfeito”, mas entendem que deve ser preservado, como afirmou a chefe do governo alemão, Angela Merkel, em Sófia, Bulgária, após uma discussão sobre o assunto entre os 28 países que compõem a UE.

“Cada um dos Estados-membros da UE partilha a opinião de que o acordo não é perfeito, mas devemos manter-nos nele e prosseguir as negociações com o Irão sobre outros temas, como os mísseis balísticos”, afirmou a chanceler alemã na Cimeira União Europeia-Balcãs, em Sófia.

O acordo nuclear do Irão foi um dos temas debatidos num jantar informal que reuniu os chefes de Estado e de Governo do bloco comunitário na capital da Bulgária. O presidente francês, que chegou ao Palácio Nacional da Cultura de Sófia ladeado por Merkel e pela primeira-ministra britânica, Theresa May, reforçou a mensagem da chanceler alemã: “Há uma união muito forte entre três países, França, Alemanha e Reino Unido, mas ontem constatámos uma verdadeira União Europeia para enaltecer o nosso envolvimento neste quadro”, revelou.

Emmanuel Macron garantiu que a Europa está unida na vontade de construir a paz e a estabilidade na região e que o acordo nuclear de 2015 é “um elemento importante nesse equilíbrio”. “Pretendemos orientar todas as partes a prosseguir as negociações para um acordo mais amplo e indispensável. É o que defendo desde Setembro. O acordo de 2015 deve ser completado com um acordo sobre o nuclear pós-2025, que inclua as actividades balísticas e a presença regional”, sustentou.

Os europeus pretendem contribuir com o seu “envolvimento político”, para garantir que as suas empresas possam manter-se no Irão.

Donald Trump anunciou o abandono dos EUA do acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, mais a Alemanha). Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o programa nuclear até 2025. Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão tenha a bomba atómica. A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, tem reiterado a determinação da Europa de cumprir o acordo nuclear com o Irão.

ACORDOS ABANDONADOS

Dias após tomar posse, Donald Trump tinha anunciado a retirada dos EUA do tratado de Associação Transpacífica (TPP), que tinha sido assinado pelo antecessor, Barack Obama, como contrapeso à crescente influência política e económica chinesa. A justificação de Trump era a de proteger os interesses dos trabalhadores norte-americanos. O acordo, que foi assinado em Março de 2018 por 11 países, reduz as tarifas e estabelece novas regras de comércio internacional num mercado que envolve mais de 500 milhões de pessoas e um 7.º da economia global.

Em Junho de 2017, Donald Trump também anunciou a saída do seu país do Acordo de Paris sobre o clima. O documento prevê a adopção de medidas para tentar conter o aquecimento global e que conta com a adesão de 195 países. A justificação de Trump foi económica, argumentando que o acordo é uma “barreira burocrática”, que impede a expansão industrial e favorece economias como as da China e da Índia.

É o mais recente abandono de um acordo internacional por parte de Trump. Apesar de esforços e clamores contrários, o presidente norte-americano anunciou a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irão, firmado em 2015 entre sete países, declarando que o acordo é “desastroso”. Acusou ainda a nação persa de ser patrocinadora do terrorismo, dando apoio a grupos como o Hamas, Hezbollah, Talibã e a Al Qaeda.