“Acreditamos que seja uma manobra orquestrada pelo primeiro-ministro”
ENTREVISTA. Com uma mão cheia de incertezas e acusações, o filho mais velho de Delfim Neves não tem dúvidas de que o primeiro-ministro de São Tomé, Patrice Trovoada, esteja por detrás da “manobra orquestrada” contra o seu pai.
Há uma acusação contra o seu pai de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Como é que tudo aconteceu?
Tivemos informação de que, na sexta-feira de madrugada, houve um tiroteio no quartel. Eu estava de viagem a S. Tomé e, quando cheguei, fui informado de que os militares foram à casa do meu pai buscá-lo, com muita agressividade para prestar esclarecimentos no quartel, relativamente a esses tiroteios. O meu pai prontamente disponibilizou-se, mesmo imbuído de imunidade parlamentar. Sendo que ele é deputado, deviam ter o mínimo de respeito, tendo em conta que não faz um mês que ele cessou funções como presidente da Assembleia Nacional. Às 8 horas da manhã, ele deslocou-se ao quartel, não lhe deram qualquer informação, simplesmente deixaram-no numa sala do quartel. Alguns militares insistiam que ele ficasse no pátio juntamente com os assaltantes, que, posteriormente, foram assassinados. Portanto, não sabemos qual era a intenção deles, ao quererem colocá-los juntos.
Qual é a ligação do seu pai a esse processo?
O meu pai não tem qualquer ligação, não tem nada que ver com esta tentativa de assalto ao quartel. Ou, como dizem, tentativa de golpe de Estado.
O ministério público ouviu algumas das testemunhas que o quartel, ou não sei quem, criou, que são soldados, que dizem que eram cúmplices dos assaltantes. Esses soldados teriam informação de quem era o mandante ou financiador dos assaltantes.
A única informação que obtivemos, através de terceiros, foi de que um dos assaltantes teria dito que o mandante seria Delfim Neves, mas isso não prova nada, nem constitui um facto para que se vá buscar um deputado e um ex-presidente da Assembleia Nacional e deixá-lo naquelas condições.
Há, inclusive, um vídeo de um homem a ser barbaramente torturado pelos militares, quase obrigado a dizer que ele ouviu alguém dizer que o Delfim Neves é o financiador do assalto, mas isso para nós não serve de base para todo este processo.
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