‘Luanda Leaks’

Agência Europeia assinala falhas na investigação do escândalo associado a Isabel dos Santos

22 Feb. 2022 Mercado & Finanças

A Agência Bancária Europeia (EBA) considera que algumas autoridades de supervisão da União Europeia não investigaram as implicações para o seu sector financeiro do escândalo de corrupção envolvendo a empresária Isabel dos Santos, como deveriam ter feito.

Agência Europeia assinala falhas na investigação do escândalo associado a Isabel dos Santos

A EBA afirma num relatório publicado hoje que, em resultado destas falhas, “existe o risco” de que dinheiro obtido a partir de processos de corrupção associados à que é considerada a mulher mais rica de África possa continuar a ser branqueado através do sector financeiro da União Europeia (UE).

A agência não especifica quais as autoridades de supervisão que cumpriram e as que não cumpriram os procedimentos de investigação previstos, mas nota que mais de metade das autoridades competentes avaliou a informação tornada pública em 2020 pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) no dossiê ‘Luanda Leaks’.

Por outro lado, várias instituições de supervisão identificaram mais tarde entidades que nem sequer foram explicitamente mencionadas no trabalho jornalístico de investigação.

Outras, porém, “não tomaram qualquer medida” quando as fugas de cerca de 700.000 documentos foram publicadas, revelando uma teia de mais de 400 empresas de fachada, empresas em paraísos fiscais e favores políticos que beneficiaram a filha do antigo Presidente da República, especialmente a partir de Junho de 2016, ano em que Isabel dos Santos foi colocada à frente da empresa petrolífera estatal Sonangol.

A EBA, que foi mandatada em Julho de 2020 pelo Parlamento Europeu para conduzir uma investigação sobre o ‘Luanda Leaks’, observou também que nem todas as autoridades de supervisão bancária competentes tiraram partido dos canais de cooperação.

Ou seja, não houve troca de informações através dos instrumentos existentes para esse fim, a fim de se compreender e prevenir o risco de branqueamento de capitais e o financiamento de actividades terroristas.

                                                                                                                       Lusa