Agências de viagens deixam de emitir pacotes turísticos
TURISMO. Nos últimos tempos, algumas agências de viagens têm encerrado as portas por falta de clientes e outras deixaram de emitir pacotes turísticos internacionais. Há agências que falam em perdas de clientes na ordem dos 90%, desde o fim do ano passado, para viagens internacionais.
A agência de viagens Travelgest é uma, entre muitas, que deixou de vender pacotes turísticos internacionais, desde Janeiro passado, devido a dificuldades de acesso às divisas por parte dos clientes. “Neste momento, só estamos a emitir pacotes internos”, revelou o director da agência, José Cabral, acrescentando, sem revelar os prejuízos, que, até ao ano passado, a empresa disponibilizava pacotes com destino ao Dubai, Lisboa, Ilhas Maurícias, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, sendo que as principais solicitações eram, sobretudo, para viagens em lua-de-mel.
A agência Zepa também foi obrigada a cortar os pacotes turísticos internacionais há cerca de dois meses, pelos mesmos motivos, no entanto, continua a prestar serviços com enfoque para as viagens internas. A agência anteriormente oferecia pacotes turísticos com destino a Portugal, São Tomé, Moçambique, Maurícias, Ilhas Seychelles, entre outros. Uma viagem de lua-de-mel em regime de ‘tudo incluído’ durante sete noites, até há dois meses, rondava os 950 dólares, para a Ilha da Boa Vista, em Cabo Verde.
A agência Benfranc, localizada na Samba, vive o mesmo drama e, para ‘fintar’ a crise, decidiu apostar apenas na emissão de pacotes turísticos internos. Os destinos mais solicitados, nos últimos tempos, têm sido Benguela e Huíla. Também a Realvitur, presente em Angola desde 2012, que tinha como principais clientes empresas portuguesas, tem registado uma “queda significativa na procura de pacotes internacionais”. Carla Paulo, que falava pela área comercial da empresa, explicou que, quanto à aposta no turismo interno, “não há grandes ofertas para os clientes”, mas que tentam oferecer sempre o “melhor”.
A agência Shada Travels, localizada no Maculusso, em Luanda, que só vende bilhetes da companhia nacional TAAG, e que não oferece pacotes turísticos, estima ter registado uma perda de clientes que compravam bilhetes para o estrangeiro na ordem dos 90%, desde o ano passado, e que a “situação se agravou” depois de a TAAG deixar de aceitar kwanzas na aquisição de bilhetes com início fora do país, conta Brisda Costa, funcionária da agência.
Quem acredita que tem conseguido fugir à carência de clientes é a agência Hacitur, segundo o gestor de viagens, Hélder Lupango que afirma que a empresa “só teve perdas, desde o ano passado, na ordem dos 40%”. O responsável explica os resultados com o público alvo a que se dirige que “passa um pouco longe da crise”. Na Hacitur, os preços dos pacotes internacionais variam, segundo a exigência dos clientes. O pacote com preço mais acessível com destino a Lisboa, com cinco dias de hospedagem, pode ficar entre 300 e 400 mil kwanzas, num hotel de três estrelas.
Turismo externo regista queda de 50%
A Associação das Agências de Viagens e Operadores Turísticos de Angola (AAVOTA) estima que nos últimos tempos, houve uma redução na procura do turismo externo de cerca de 50%, segundo revelou o secretário executivo, Augusto Pedro.
O responsável declara que, mesmo com a redução de 50%, o negócio “continua normal”. “Uma crise tem os dois lados: negativo e positivo. Para os que acham a crise uma oportunidade estão a enveredar para a implementação de pacotes internos e novos mecanismos para suprir os encargos financeiros. Os outros estão a procurar outros negócios”.
O secretário executivo acredita que, mesmo com a falta de uniformização nos preços praticados pelas agências, “o futuro do negócio é o melhor” e a previsão “é chegar aos níveis dos grandes receptores de turistas”, como o Brasil.
Em Angola estão contabilizadas 300 agências de viagens. A AAVOTA controla cerca de 60% do mercado a nível de Luanda.
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