AIA com participação activa na 36ª edição da Filda
Feira. Depois de vários anos afastada, AIA foi um dos protagonistas dos bastidores da última edição. Líder da associação identifica fraquezas no actual cenário e sugere mudança de local e de data para as próximas edições.
Depois de vários anos afastada da organização da Feira Internacional de Luanda (Filda), a AIA, encabeçada pelo seu presidente, teve uma “participação activa” na 36.ª edição do evento, que terminou na semana passada.
José Severino justificou o engajamento da associação que dirige com a necessidade de evitar que a maior bolsa de negócios do país morra. “A questão é não deixar morrer a Filda”, precisa, identificando “fraquezas” na Zona Económica Especial, consubstanciadas na necessidade da melhoria dos acessos e na falta de transportes públicos.
Severino, que durante décadas liderou a organização do evento, deixa mesmo a entender que o envolvimento da AIA é para continuar. E apresenta sugestões para as próximas edições, como a realização do evento no início do segundo semestre, como acontecia nos anos anteriores. “A feira deve ser feita no mês de Julho porque isto dará um clima melhor, sem chuva nem calor”, argumenta, sublinhando que a edição deste ano “demonstra que as empresas estão vivas e precisam de acelerar o crescimento e o desenvolvimento”.
O presidente da AIA defende ainda o regresso da feira nas instalações do Cazenga que, entretanto, requerem uma “profunda intervenção”, devido à sua acentuada degradação. Com os pavilhões, edifícios administrativos e restaurantes agora transformados em escombros, espera-se que seja necessário muito dinheiro para a sua reabilitação. Aliás, José Severino já havia avançado ao Valor Económico que a AIA estava disposta a investir 60 milhões de dólares.
Há mais de uma década que a AIA e outros accionistas da Expo-Angola lutam para reaver as instalações da Filda a Matos Cardoso, que geriu o espaço através da FIL. A disputa iniciou quando os subscritores da Sociedade Comercial, criada em 1975, com autorização do então 1.º ministro Fernando José de França Van-Dúnem, lutavam para afastar o empresário José Severino, como accionista maioritário da Expo-Angola, por não constar da lista de accionistas.
Em 2005, José Severino foi mesmo afastado da gestão da Filda, por decisão do tribunal. No mesmo ano, o juiz indicou Matos Cardoso como administrador judicial da Expo-Angola para um período de três meses até que se realizasse a eleição de uma nova direcção, o que, entretanto, não chegou a concretizar-se.
A Filda é realizada anualmente desde 1983, tendo, contudo, registado alguns períodos de interregno, devido à crise financeira e económica mundial. Por exemplo, antes da pandemia, observou, também, um interregno em 2016, por altura da 33.ª edição. A organização passou a ser da responsabilidade do Grupo Arena em conjunto com o Ministério da Economia e do Planeamento. Uma parceria que, no entanto, tem sido criticada por alguns sectores empresariais que consideram “não fazer sentido” a entrada do Estado na gestão de feiras.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...