Alterações climáticas vão aumentar fluxos migratórios
MUDANÇAS CLIMATÉRICAS. Organização internacional defende que estratégias de combate a alterações climáticas “estão a tornar os países pobres ainda mais pobres, quando a responsabilidade não lhes cabe”.
O director da organização não-governamental (ONG) ‘Oxfam International’ considerou, em declarações à Lusa, que as alterações climatéricas em África vão aumentar os fluxos de refugiados e tornar as migrações “não uma escolha, mas sim uma necessidade”.
A partir de Nairobi, a propósito da divulgação de um relatório sobre as consequências das alterações climatéricas no continente, Apollos Nwafor disse que, “com as alterações do clima em curso, devemos ter um aumento da emigração e isso levanta questões sobre os fluxos dessas pessoas, trazendo conflitos e lutas pela terra”.
Para o director da ONG especialmente dedicada às questões das fome e da pobreza, sediada em Nairobi, que, na semana passada, lançou um relatório sobre os efeitos em África das mudanças climatéricas, “as migrações deixaram de ser uma escolha, são uma necessidade, e serão ainda mais porque as mudanças no clima vão deixar 100 milhões de pessoas pobres”.
Para a Oxfam International, a proibição da produção de carvão é uma das iniciativas que os políticos deviam tomar para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento: “Temos de rejeitar qualquer falsa solução que signifique afastar os pequenos agricultores das suas terras com o pretexto de apostarem no carvão e devemos focar-nos em parar o uso de combustíveis fósseis, a começar pelo fim da construção de centrais de produção de carvão a nível mundial”.
Questionado sobre se as necessidades energéticas em África são compatíveis com a aposta nas energias renováveis, Apollos Nwafor respondeu: “Precisamos de estudar soluções que reduzem as emissões, porque a alternativa é pior; a questão não é tanto se devemos construir ou não, mas sim garantir que agimos rapidamente para salvar vidas e garantir um desenvolvimento sustentável que ajuda os pobres a saírem da pobreza”. A Oxfam International defende que as estratégias actuais de combate às alterações climatéricas “estão a tornar os países pobres ainda mais pobres, quando a responsabilidade não é deles” e argumenta que a União Africana devia incluir as alterações climatéricas nas prioridades para 2019, a par das migrações.
“A União Africana tem-se focado nos refugiados e nas migrações, mas é preciso acrescentar o clima e o impacto nas migrações e o aumento do número de pessoas deslocadas, porque há um novo conjunto de refugiados dentro do continente por causa disso, e isto precisa de ser mais discutido, precisamos de mais compromissos políticos”, defendeu o director do centro de pesquisa.
O relatório divulgado dá conta do impacto em África das alterações climatéricas, e estima que se a temperatura subir 1,5 graus na África subsariana, 40% das áreas de cultivo de milho podem deixar de ser férteis para o cultivo.
Se a temperatura subir menos de dois graus até 2050, a produção total de colheitas pode ser reduzida em 10%, estimam os analistas.
O RELATÓRIO, que dá conta do impacto em África das alterações climatéricas, estima que se a temperatura subir 1,5 graus na África subsariana, 40% das áreas de cultivo de milho podem deixar de ser férteis para o cultivo.
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