PARA TRAVAR ‘GUERRAS’ NAS PARAGENS

ANATA pretende formalizar ‘lotadores’

TAXI. Candongueiros ameaçam unir forças para enxotar os ‘lotadores’ das paragens. ANATA quer regulá-los, para se evitarem incidentes graves.

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Fartos de assaltos e cenas de agressões, realizados diariamente por ‘lotadores’ (jovens que anunciam as rotas), situações associadas à ausência de polícias nas paragens de transporte público, ‘candongueiros’ de Luanda pretendem unir forças para retaliar e expulsar os ‘lotadores’.

Geraldo Wanga, presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), propõe, no entanto, a formalização da prática, na esperança de que todos possam entender-se com base num código de conduta. “Os lotadores são ilegais. E, ao invés de apenas trabalharem para o sustento de suas famílias, realizam constantes actos de vandalismo. Roubam, agridem, partem viaturas e, como se não bastasse, nalgumas vezes, matam”, alerta o dirigente associativo, atribuindo responsabilidades à Polícia e ao governo provincial, pela alegada “desorganização”.

Para o cadastramento destes jovens – que cobram entre 50 e 200 kwanzas por lotação de cada viatura –, a mais nova associação dos taxistas emitiu um comunicado, convidando-os a abandonar as paragens de forma voluntária. E, num prazo de cinco dias, serem notificados para uma reunião com a Polícia e as administrações municipais.

“Luanda tem apenas 552 a 557 lotadores, é um número fácil de se controlar”, assegurou. Para esse processo, a ANATA deseja aprovar o estatuto dos lotadores, clarificando direitos e deveres. “Uma vez credenciados, devidamente cadastrados, vão ter coletes numerados. O lotador que roubar será rapidamente identificado, facilitando assim a captura por parte da Polícia”, explica Wanga.

O estatuto, ainda em elaboração, deverá também determinar as modalidades de limpeza das paragens. Os lotadores vão trabalhar por turnos, sendo os da manhã responsáveis pela limpeza do espaço e os da tarde pela segurança.

A ANATA garante que, após o registo, jamais se vai permitir a presença de jovens, que vão às paragens para receber, com base na força, o dinheiro dos taxistas bem como de passageiros. “A polícia terá de trabalhar, sob pena de os taxistas, cobradores e lotadores já registados unirem-se para a guerra”, avisou, considerando “anedótica” a prática de jovens que cobram entre 200 e 400 kwanzas aos passageiros que pousam sacolas e pastas ao chão.

Já o governo provincial de Luanda, por meio do seu porta-voz, Sebastião José, louva a iniciativa, mas recorda que a actividade de lotadores é “ilegal”, sublinhando que os actos de violência devem ser encaminhados à Polícia. “Somente os taxistas são parceiros do governo. Se tem havido um acordo entre eles, que os lotadores se comportem como se espera, caso obriguem ou usem da força para tirar dividendos dos taxistas, o que se deve fazer é participar a ocorrência à polícia”, concluiu.