Angola quer enviar bebidas alcoólicas para os EUA
EXPORTAÇÃO. Produtos podem chegar ao mercado norte-americano em poucos meses, ao abrigo do AGOA. Mas a líder da USACC recomenda “paciência e rigor”. Há anos que Angola apenas envia petróleo e café para os EUA.
Angola pode inaugurar uma nova fase nas exportações no âmbito da Lei de Oportunidade e Crescimento Económico em África (AGOA) com o envio, além do petróleo e café, de bebidas alcoólicas.
A perspectiva é da Câmara de Comércio EUA/Angola (USACC) que, há sete meses, tem estado a auxiliar uma empresa angolana a reunir os requisitos para começar a exportar bebidas alcoólicas para o mercado norte-americano, pela AGOA.
A AGOA é um instrumento criado pelos EUA, em 2000, que visa incentivar a produção industrial e agrícola em África e a importação de produtos com isenções aduaneiras. Angola aderiu à facilidade em 2003 e, desde então, tem tentado vender para o mercado norte-americano mais do que petróleo. Em 2016, foi a vez do café com um envio de 11 toneladas numa fase experimental.
Desde essa data várias tentativas foram feitas, mas nenhuma se efectivou. Entre as razões, apontam-se as exigências dos EUA e a desorganização dos empresários angolanos.
A presidente de direcção da USACC, Maria da Cruz, entende que, “como em qualquer processo, o problema é a falta de informação”. “A empresa que exporta café já tinha tentado de outra forma, mas, quando envolveu a câmara, conseguimos ajudar a entrar no mercado norte-americano. Esta empresa de bebidas alcoólicas usa material que se enquadra na AGOA”, indicou, durante o encontro com as câmaras de comércio realizado na semana passada, em Luanda.
Maria da Cruz admite tratar-se de um “processo difícil, mas possível de concretizar”. “O empresário angolano diz que o mercado americano é muito complicado. O mercado chinês é mais fácil, Portugal é mais fácil por causa da língua. Vai demorar tempo. O mercado americano não é complicado. Prefiro um parceiro americano mil vezes em relação a outros países que não vou citar. O parceiro americano ajuda normalmente na capacitação. É um processo de crescimento. Ajuda a abrir horizontes para outros mercados”, afirmou.
A líder empresarial apela a quem pretenda chegar ao mercado dos EUA para que tenha “paciência”, recorrendo ao exemplo do café. Para que fosse exportado demorou cerca de um ano. A empresa de bebidas alcoólicas já leva sete meses, podendo chegar também a um ano ou mais. Maria da Cruz aconselha ainda a que haja “rigor nos cumprimentos do envio da mercadoria, respondendo à procura de quem compra o produto”.
Exportar para a AGOA A AGOA
proporciona incentivos para que os países africanos se tornem competitivos pelo mundo, através da implementação de reformas comerciais.
O principal objectivo é a oportunidade de exportar cerca de sete mil produtos sem pagar direitos aduaneiros. Para isso, os exportadores devem seguir um conjunto de procedimentos, que variam de acordo com o produto exportado. Regra geral, os produtos a serem elegíveis devem ter um certo padrão de qualidade e requisitos fitossanitários. Países como o Lesoto, Malawi, Etiópia e Maurícias têm sido os ‘campeões’ em mandar produtos servindo-se desta lei.
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