NEGÓCIO DA DECORAÇÃO COM CRESCIMENTO TÍMIDO

Artistas conquistam interiores

MOBILIÁRIO. Mercado de design de interiores começa a ser mais valorizado. Entre decoradores que fornecem mobílias, estão artistas plásticos que embelezam espaços, como residências, creches e hospitais.

A cultura de procurar um decorador de interiores “ainda é para uma classe média alta”, defende Fernando Ferreira, responsável pela loja Imexco de Talatona. Como decorador, Fernando Ferreira não tem dúvidas de que os angolanos, “por serem muito viajados, estão sempre a actualizar o leque de conhecimentos”.

Há um elevado número de clientes que procura também os préstimos de artistas plásticos. Por isso, Carlos Alves, um desses artistas, dedica-se à decoração de interiores, mais concretamente à pintura de paisagens em piscinas, creches, hospitais e residências. Carlos Alves reconhece que a pintura é “daquelas coisas que não se mudam todos os meses”, mas admite que, actualmente, há uma “procura considerável” de artistas plásticos para a decoração de interiores. Os maiores clientes são as creches, sobretudo no princípio ou no fim do ano.

Mesmo sem muitas encomendas, Carlos Alves diz que “compensa” porque “já há quem valorize e tenha essa cultura de decorar o interior”, pagando “pela qualidade do trabalho”. A maior procura de pinturas é feita por quem quer decorar quartos de bebés. As decorações, ao redor das piscinas, têm sido uma das ‘febres’ nos últimos tempos. Uma decoração para uma parede de 10 metros de comprimento, por exemplo, pode custar um milhão de kwanzas ou mais, dependendo do tipo de parede e do que se vai criar. Não há preços tabelados, porque há paredes com complexidades diferentes e que carecem de trabalhos mais rigorosos.

Outro artista plástico que também se dedica ao design de interiores é Emanuel dos Anjos, que divide o tempo entre as artes plásticas, estudo, um emprego e ainda a decoração. O seu número de clientes “já é satisfatório”, podendo receber cerca de três pedidos por mês. Quando mergulhou nesta área, não precisou de empréstimos. Usou as suas economias de meses. Emanuel dos Anjos afirma que as residências mais estão, cada vez mais, a primar pelo que é moderno, solicitando-os como fazedores de arte, novos estilos de vida.

Fernando Ferreira não se importa com o aparecimento de novos ‘designers’, porque “quem tem competências e apresenta trabalhos de qualidade não perde clientes”. Em relação ao que se fazia há oito anos, quando chegou a Angola, diz que o mercado está a crescer, apenas com a decisiva diferença de parte da mobília estar já a ser produzida em Angola. Os produtos da Imexco são importados de Portugal, Itália e alguns produzidos em Angola. Pela elevada qualidade do material angolano, o responsável da empresa acredita que “os clientes não conseguem distinguir a origem da mobília”. “Se não dissermos onde foi produzido, o cliente não sabe”.