BAD inaugura primeiro crédito a privados com 40 milhões USD
FINANCIAMENTO. Organismo está em negociação avançada com um grupo privado angolano. Se os planos andarem, devem ser libertados 40 milhões de dólares até Novembro. VALOR sabe que o dinheiro deve ajudar projectos de exportação do grupo Nova Agrolíder. Mais empresas poderão ser contempladas, com o Africa Investment Forum.
Um desembolso de 40 milhões de dólares do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) deverá ser libertado, até Novembro deste ano a um grupo empresarial privado angolano ligado ao sector agrícola.
De acordo com o detentor dos fundos, o grupo privado “conseguiu satisfazer todos os encargos” exigidos pela entidade para a cedência de fundos, que envolvem um plano de negócio com viabilidade comercial e impacto no desenvolvimento.
A entidade não avança o nome do investidor angolano, mas indica o sector de actividade. Ao que soube o VALOR, o primeiro grupo privado a inaugurar os fundos do BAD será a Nova Agrolíder, empresa produtora de bananas e exportadora, que tem “processos muito avançados” com o organismo.
“Para aqueles que não acreditam que é possível aceder ao financiamento do BAD como empresário privado, devo dizer que é com muita satisfação que, em Angola, estamos a ter negociações com um grande grupo e que até já exporta não só para Europa, mas também para os mercados regionais”, anunciou o economista-principal Joel Daniel Muzima, à margem de um fórum do Ministério das Finanças sobre financiamento internacional.
Se as conversações com este organismo financeiro que congrega todos os países africanos e mais 23 membros não africanos correrem a bom ritmo, o grupo angolano pode encaixar o desembolso já em Novembro.
A Agrolíder não confirma, no entanto, a existência de negociações acesso a fundos de créditos do BAD, mas admite haver falta de recursos em divisas. Para o presidente do seu conselho de administração, José Macedo, é de “dólares que a companhia precisa”, como referiu, quando questionado pelo VALOR.
Também a consultora económica do BAD, Elsa Shichilenge, não confirmou, nem desmentiu a existência do acordo, justificando com “motivos óbvios”.
“O BAD não pode comentar, nem confirmar, nem informar quaisquer negociações que estariam em curso”.
Só com Angola, o BAD tem uma agenda financeira com 769,5 milhões de dólares, 55,2% dos quais estão reservados para o sector financeiro, 16,1% para ‘água e saneamento básico’, sendo que os restantes 29,1% estão distribuídos entre ‘agricultura e pescas’, ‘transportes’, ‘sector social’, além do ‘multissectorial’ (ver tabela).
Este não é o único plano do BAD para ajudar projectos de privados. A entidade tem já agendado um Fórum de Investimento Africano (Africa Investment Forum, em inglês), com o qual prevê ajudar mais inicitivas privadas, além do que chamou de ‘compacto para apoio aos países lusófonos’.
A realizar-se entre 7 e 9 de Novembro, em Joanesburgo, África do Sul, o certame deve discutir os veículos de financiamento em África, naquilo que se espera ser uma “plataforma em que patrocinadores de projectos, mutuários, financiadores e investidores se reunirão para acelerar as oportunidades de investimento em África”, além de outras iniciativas para a SADC.
Mais empresas a ajudar…
Do seu portefólio, o BAD projecta dar mais apoio ao empresariado dos países de expressão portuguesa, numa estratégia que prevê libertar mais fundos e fazer integração do ‘staff’ desses países na organização.
“Os países lusófonos, dentro da estrutura do BAD, têm sido negligenciados. Não só em termos de oportunidades de emprego para o seu ‘staff’, mas também o volume de financiamento que está neste momento alocado nesses países. Esta realidade vai mudar com o ‘Compacto’. E é uma das iniciativas a que o empresariado angolano deve estar atento”, reconheceu Daniel Muzima, dirigindo-se a empresários e trabalhadores de distintas instituições financeiras angolanas.
Para já, todos os membros dos PALOP (Cabo-Verde, Guiné Bissau; Moçambique, São Tomé e Príncipe e Angola) ficam contemplados nesta programação do BAD, além da Guiné Equatorial, escolhida por ser membro da CPLP, outra organização de países de língua portuguesa.
…Com o Fórum
No Fórum Africano de Investimento, esperam-se as presenças de investidores dos Estados Unidos, Europa e Médio Oriente, além de empresários africanos que “apresentem projectos bancáveis”.
A organização garante que o fórum não dará lugar a “discursos políticos”. Aliás, até os chefes de Estados e de governos, convidados para o evento, foram avisados sobre essa limitação. “Este fórum não será político; será um fórum de alavancagem de investimento, que se chama Africa Investment Forum”, sublinhou o economista do BAD.
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