Banco Valor chega aos lucros depois de quatro anos de prejuízos
RESULTADOS. Instituição fechou as contas de 2015 com ganhos de 367,6 milhões kwanzas, quatro anos depois desde a sua constituição, com perdas consecutivas. Apesar dos lucros, auditores externos apontam reservas.
A contabilidade do Banco Valor (BVB) registou, pela primeira vez, lucros de 367,6 milhões de kwanzas (equivalentes a 2,7 milhões de dólares), quatro anos depois desde a sua constituição e instalação, revela o relatório de balanço da entidade publicado a 10 de Junho.
De acordo com as demonstrações de resultados, a evolução da margem financeira em 276,3%, de 293,3 milhões kwanzas para 1.103,4 milhões kwanzas, justificou a inscrição dos primeiros lucros nas contas do banco, além dos ganhos com operações cambiais, depois de quatro prejuízos assinalados entre 2011 e 2014.
Até 31 Dezembro de 2011, as contas do Banco Valor registavam um resultado líquido negativo de 287,8 milhões de kwanzas e 1.163,2 milhões kwanzas (também negativos) em 2012. As tendências foram as mesmas para os dois anos seguintes: - 1.163,2 milhões kwanzas e -3.314,1 milhões de kwanzas.
Em 2014, a Deloitte colocou o Banco Valor na 17ª posição do ranking de activos da banca nacional. Ou seja, na lista de 19 bancos com actividades iniciadas, na altura, a instituição ocupava o antepenúltimo lugar, à frente dos bancos Standard Chartered Bank de Angola (SCBA) e o Comercial do Huambo (BCH).
Apesar do registo ‘histórico’ de lucros, os auditores externos da Ernest Young (EY) advertem a administração do Valor para o facto de existir, nas contas da instituição, uma reserva e três recomendações.
As reservas referem-se “às limitações identificadas quanto aos imóveis que foram objectos de contratos de promessa de compra e venda”, celebrados com partes relacionadas nos exercícios financeiros referentes a 2013 e 2014.
“Essas limitações prendem-se com as eventuais contingências relacionadas com o registo da titularidade dos imóveis, dada a falta de evidência documental que suporte a transferência efectiva da sua propriedade”, apontam os técnicos da EY sobre as reservas nas contas do banco, à época, sob gestão de Álvaro Sobrinho e Generoso de Almeida.
Os auditores externos queixam-se ainda de ‘dificuldades’ no acesso a dados que permitissem avaliações externas e independentes para todas as fracções registadas na contabilidade, o que resulta, na visão dos técnicos, “numa limitação ao apuramento do respectivo valor de realização ou de uso e eventuais perdas por imparidade”.
Às reservas, os auditores incluem três ‘chamadas de atenção’, designadamente sobre o incumprimento integral dos requisitos previstos nos avisos nº1 e nº 2/2013 e do instrutivo nº 1/2013, do Banco Nacional de Angola, relativos à governação corporativa e controlo interno.
Ao que os auditores da Ernest Young apuraram, houve ainda uma ‘violação’ aos limites estabelecidos no aviso nº 5/2011, do BNA, quanto aos rácios de activo imobilizado/fundos próprios, em “resultado da classificação das fracções de imóveis sujeitas à avaliação como bens de uso próprio, bem como a inconsistência com o artigo nº 13 da Lei das Instituições Financeiras, devido ao facto de os referidos imóveis se encontrarem devolutos há mais de dois anos”.
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