BDA coloca 10% como meta para os rácios de solvabilidade
RESULTADOS. Estratégia para a garantia das metas passa, entre outras, por apertar a saída do crédito e ‘entevistar’ quem os solicita. Banco já havia alertado para possibilidade de falência.
O Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) estabeleceu 10% como meta para os níveis de solvabilidade até finais de 2017, contrariando os 2 a 3% anteriormente previstos pela administração, como consequência de perdas anteriores e fracassos com a recuperação do crédito, revela o relatório ‘10 anos do BDA’, publicado na semana passada.
De acordo com o documento, o desafio do banco passa agora por colocar o rácio em patamares de 10%, o mínimo exigido pelo BNA, objectivo ao qual se associa o programa de ‘reestruturação de projectos’, que “procura a sustentabilidade futura do banco”.
“A garantia de colocar os rácios de solvabilidade nos patamares de 10% constituiu assim uma preocupação do banco, priorizando o financiamento através do seu balanço”, admite o conselho de administração sem, no entanto, precisar os níveis actuais de fundos da entidade.
No relatório com mais de 300 páginas, o banco liderado por Manuel Costa Neto explica o futuro da instituição com números do crédito anteriormente cedido. Do volume de dinheiro saído do banco, precisamente 241 mil milhões de kwanzas, 70% encontrava-se em inadimplência, tendo obrigado a mobilização de provisões da ordem dos 50% da carteira de crédito até finais de 2015.
No mesmo período, a contabilidade do banco somou mais 46 mil milhões de kwanzas de créditos com “risco de inadimplência”, apesar de ainda ‘gozarem’ do período de carência. Mas já haviam outros 51 mil milhões de kwanzas em inandimplência, que, mesmo sem estarem provisionados, já sinalizavam fortes probabilidades de mobilização de provisões complementares, refere o relatório.
Assim, e em função das perdas anteriores, “era de esperar que os capitais próprios de 66 mil milhões de kwanzas fossem maioritariamente consumidos e que os rácios de solvabilidade descessem para patamares de 2 a 3% no final de 2017”, admite o banco, que coloca os 10% como meta.
A equipa de Manuel Costa Neto explica parte dos fracassos na recuperação do crédito com a “incapacidade” dos investidores na implementação de projectos, situação que o banco também ajuda a explicar com a “dificuldade” do acesso a divisas para a importação de equipamentos essenciais à operação”.
Às causas, não faltou o “contexto desafiante que o país atravessa”, que, segundo o próprio banco, “afectou inevitavelmente os projectos até então financiados”. Noutros casos, prossegue a explicação do banco, os projectos entraram em dificuldades devido à falta de insumos importados.
MEDIDAS ADOPTADAS
Um conjunto de medidas foram adoptadas como forma de evitar que, nos próximos anos, o banco estatal vocacionado para o crédito ao investimento conheça novas perdas. A redução dos montantes de crédito a atribuir a novos projectos e a iniciativas sem visibilidade é a medida número um de uma curta lista de soluções “para estancar perdas”.
O banco entende que, para as próximas saídas de crédito, a primeira etapa deve obedecer a uma avaliação “detalhada” e pela segmentação de projectos individuais, identificando por sua vez a viabilidade destes.
“A metodologia a utilizar deve passar pela análise dos planos de negócios, entrevistas com promotores e visitas aos projectos, do que deverá resultar a segmentação dos projectos em viáveis, potencialmente viáveis e inviáveis”, considera a administração de Manuel Costa Neto.
O relatório define como projectos viáveis os que “constituiriam casos de sucessos, tipicamente associados a empresas de pequena ou média dimensão, tecnologias simples e mercado garantido”.
Para os projectos potencialmente viáveis, seriam, de acordo com o banco, objecto de reestruturação do crédito. “o objectivo, nesses casos, seria desenhar, em conjunto com os promotores, planos de reestruturação que assegurem a viabilidade futura dos projecto”.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...