Bengo prejudicado pela proximidade com Luanda
PROVÍNCIAS. Governo admite as dificuldades de se investir numa província demasiado próxima da capital. E reconhece que até há intenções que ‘morrem’ a meio por falta de infra-estruturas e de terrenos.
No Bengo, “há muitas intenções de investimentos e poucas concretizações”, avalia o director provincial do Comércio, Indústria e Recursos Minerais, que aponta como a principal causa a ausência de infra-estruturas. A proximidade da província com Luanda é outro constrangimento, segundo Manuel Fernando.
O responsável provincial revela que os empresários que procuram investir no Bengo, na sua maioria, querem instalar-se no município-sede, o Dande, deixando de parte os outros que se debatem com a falta de energia eléctrica e vias de acesso em boas condições.
No entanto, o município-sede “já não tem espaço”, muitos terrenos têm proprietários, outros são reservas fundiárias do Estado e a negociação para a cedência a investidores nem sempre é fácil.
A realidade tem atrasado o desenvolvimento da província, situação que dispensa grandes esforços para ser notada. Muitos estabelecimentos comerciais e outras estruturas económicas estão encerrados.
Manuel Fernando admite que “os investimentos são pouco expressivos”, mas garante que há um trabalho que está a ser feito com vista a atrair investidores.
Um dos sectores que mais contribui para a arrecadação de receitas para a província, além da agricultura, é o mineiro. Actualmente, são explorados sete recursos minerais: gnaisse (que dá lugar às britas), burugu, areia, calcário, gesso, quartzo e rochas asfálticas.
Além disso, o director provincial confirma a existência de ouro, precisamente em Nambuangongo. Este minério ainda não está a ser explorado porque, segundo Manuel Fernando, estão em curso estudos que visam estabelecer o volume ou a quantidade para se ter uma ideia da capacidade de exploração.
Em 2017, o sector teve uma produção de 1.811.292 metros cúbicos e comercializado 1.712.658 que resultou numa receita bruta de 2.257.190 kwanzas. Deste valor, foram arrecadados em impostos 45.143.810 kwanzas. Para este ano, prevê-se um aumento de 30 a 45%, considerando as solicitações que chegam todos os dias para o licenciamento de mais empresas de exploração.
Na indústria extractiva, estão licenciadas 36 empresas, com 26 em pleno funcionamento e 10 paralisadas devido à crise, visto que o sector atende essencialmente a construção civil que abrandou a actividade. SEM
GRANDE INDÚSTRIA, NEM GRANDE COMÉRCIO
“Bengo produz, mas quem consome mais é Luanda. Há anos, boa parte das pessoas não se fixavam no Bengo trabalhava e regressava a Luanda, isso retraiu os investidores porque não encontravam consumidores. É a desvantagem de ser vizinha da capital”, sublinha Manuel Fernando.
O responsável provincial mostra-se insatisfeito com o reduzido número de indústrias instaladas, 84 unidades, 24 das quais paralisadas. “São pequenas e voltadas para a indústria familiar e agroalimentar”, caracteriza.
Na conhecida ‘terra do jacaré bangão’, regista-se ainda a ausência de grandes superfícies comerciais. Manuel Fernando convida os empresários de todos os sectores a investirem, a instalarem agroindústrias e indústrias de embalagem porque “há produção, mas não há como conservar”.
Os supermercados Shoprite e Kero têm intenções de se instalarem no Bengo, já com contactos avançados, mas enfrentam o problema de encontrar um espaço adequado.
O comércio, indústria e recursos minerais, juntos, em 2017, empregaram 1.678 pessoas, entre nacionais e expatriados.
Risco de isolamento
O trânsito entre Luanda e Bengo está transformado, desde há três semanas, num caos, devido à ponte do Panguila, na estrada número 100 que está na iminência de desabar. É velha e não tem nenhuma alternativa na circulação Bengo/Luanda, vice-versa. A mesma estrada dá acesso ao Uíge ao Zaire. Na ponte, passam viaturas de transporte de pessoas e bens, sobretudo alimentos e inertes para a construção civil.
O governo provincial pensa em três opções: reparação da ponte, montagem de uma ponte metálica ou adaptar a ponte da linha férrea, ao lado. O Instituto Nacional de Estradas de Angola tem duas soluções: remodelar a actual ponte ou construir uma metálica provisoria. Enquanto isso, o trânsito continua caótico nas duas faixas, com as viaturas a levarem horas para atravessar a ponte.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...