BFA com advertências de baixo risco
BANCA. Avaliação do regulador encontrou um rácio de solvabilidade de 53%. Apesar da nota positiva, banco central deixa recomendações “materialmente irrelevantes”. Instituição registou queda de 51% nos resultados líquidos do terceiro trimestre de 2019, mas a situação não preocupa a administração.
O Banco de Fomento Angola (BFA) considera “irrelevantes as recomendações” feitas pelo BNA no âmbito da última Avaliação da Qualidade dos Activos (AQA) do sector bancário.
Ao VALOR, Jorge Alburquerque Ferreira, CEO do BFA, assegura que a entidade que dirige está “dentro das exigências do regulador, dado que nenhuma das recomendações é de cariz prioritário”. Ou seja, “são todas advertências de baixo risco”. O AQA, levado a cabo pelo BNA, é sobre a ‘performance’ dos activos dos bancos até 31 de Dezembro de 2018, sendo que se incide sobre questões quantitativas e qualitativas dos operadores.
As observações de âmbito quantitativos têm que ver com as imparidades e capacidade de cobertura dos capitais próprios. A avaliação de cariz qualitativo tem que ver com a forma como o banco está organizado, como tem definido os procedimentos e a governança cooperativa, além da análise de exercício de controlo interno das operações.
Independentemente dos resultados individuais, o BNA realizou recomendações, banco a banco, cujo prazo para a apresentação de soluções inerentes a cada uma das recomendações vai até 28 de Fevereiro, sendo Junho a data determinada para a implementação das advertências.
No BFA, segundo o gestor, a apreciação do regulador encontrou um rácio de solvabilidade de 53%, ou seja, mais de 40 pp acima do exigido por lei, dado que o regulamento exige um rácio de no mínimo 10%. Apesar da nota positiva, o BNA não exclui recomendações.
Jorge Alburquerque Ferreira, face à realidade do banco, considera as recomendações materialmente irrelevantes, recusa dar detalhes sobre as advertências exclusivamente destinadas para o banco que administra, sublinhando que a informação está sob reserva, em respeito às regras internacionais sobre a matéria.
Queda nos lucros
Por outro lado, o responsável do BFA nega que a valorização do banco tenha descido, face à queda dos resultados líquidos registados no terceiro trimestre de 2019, em que os lucros do banco caíram 51% para 74 mil milhões de kwanzas, em relação ao mesmo período de 2018.
Jorge Alburquerque Ferreira admite que a entidade registou uma redução dos resultados líquidos, mas avisa que se deve fazer uma “interpretação correcta dos factos”. O banqueiro, que toma o exercício económico de 2019 como “igual ou melhor” do que o anterior, explica que “parte significativa” do lucro de 2018 foi um resultado líquido extraordinário, resultante da “significativa desvalorização” da moeda, além de o banco ter tido uma “elevada protecção” do seu capital feito através de investimentos de dívida indexada.
Diferente de 2018, destaca o gestor, o banco não “antecipou uma depreciação da moeda tão significativa” e alterou o perfil da constituição dos investimentos, daí ter alcançado um resultado corrente.
Banco investe na responsabilidade social
À semelhança do ano passado, o BFA aprovou uma dotação de quatro milhões de dólares para ajuda social, dos quais, 250 milhões de kwanzas para o programa ‘BFA Solidário’, que já vai na segunda edição.
O projecto funciona como um concurso em que as instituições ligadas à educação, saúde e outras, cujos raios de acção se circunscrevem ao apoio às crianças, apresentam propostas. Depois da primeira fase que é de apresentação de propostas, os projectos são encaminhados por um júri escolhido em diferentes áreas da sociedade.
Do leque de sugestões de financiamentos, o jurado escolhe 12 dos melhores projectos, que de seguida beneficiam do prémio. A instituição vencedora do concurso recebe 30 milhões de kwanzas para implementar o projecto, sendo que o segundo recebe 20 milhões. O terceiro e o quarto classificados arrebatam 15 e 10 milhões de kwanzas.
JLo do lado errado da história