BIC leva a tribunal dirigentes avalistas
CRÉDITO. Banco ‘ataca’ dirigentes do Estado que aceitam ser avalistas, mas não entregam bens como garantias de crédito. Malparado atinge cerca de 200 milhões de dólares.
Um grupo de dirigentes do Estado está a responder em tribunal por não apresentar garantias penhoráveis para operações de crédito em situação de risco das quais são avalistas no Banco BIC.
A revelação foi feita pelo presidente da instituição, Fernando Teles, durante a apresentação do relatório e contas de 2017, em que não escondeu a preocupação. “Não temos nenhum prazer em pôr processos em tribunais. Às vezes, há pessoas, mesmo dirigentes, que são avalistas de operações e esses processos já entraram em tribunal. Preocupa-me isso”, desabafou o gestor.
Fernando Teles revelou que, por conta disto, já se viu obrigado até a penhorar aviões de um avalista. “Eram três aviões e um já foi vendido, mesmo estando penhorado ao banco. E os outros dois, um está em peças e outro está lá para ser penhorado”, sublinhou o banqueiro, escusando-se a revelar o nome do proprietário dos aparelhos. “Só falei relativamente aos avalistas, porque as pessoas deixam arrastar os processos e vão a tribunal, quando uma parte destes avalistas tem bens e podem renegociar com bancos. Nem vou falar aqui se são dirigentes ou se são grandes empresários. São tudo isso. São avalistas de operações que, quando chega o momento de as empresas pagarem, começam a pensar que não têm de pagar aos bancos”, explicou.
As contas revelam ainda que o BIC fechou o ano com um total de crédito malparado à volta de 200 milhões de dólares, num ano em que os lucros do banco cresceram apenas 1,7% para 205,4 milhões de dólares (34.253 milhões de kwanzas). Como consequência do malparado, aliada à crise financeira, o banco cortou 3,9% no crédito para apenas 5.788 milhões de dólares (965.186 milhões de kwanzas), com o Estado a levar a maior fatia (2,5 mil milhões de dólares) e as empresas e particulares (2,3 mil milhões de dólares) do total do ‘bolo’.
Os lucros do banco cresceram apenas 1,7%, de 33,663 milhões de kwanzas, em 2016, para 34,253 milhões até 31 de Dezembro de 2017.
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