ANGOLA ENTRE OS GRANDES BENEFICIADOS

BM anuncia preço do petróleo a 56 dólares o barril em 2018

PERSPECTIVAS. Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), da qual Angola faz parte, e outros produtores deveriam concordar em cortar ainda mais a produção, mantendo uma pressão ascendente sobre os preços, sugerem os analistas do Banco Mundial.

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O preço médio do petróleo deverá atingir 56 dólares por barril, em 2018, contra os actuais 53 dólares, prevê um estudo do Banco Mundial (BM), divulgado na passada quinta-feira. Segundo o BM, o novo cenário deverá ser impulsionado por uma procura cada vez maior da commodity, pelos cortes de produção acordados entre os exportadores e pela estabilização da produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos da América.

“Os preços da energia estão a recuperar em resposta a uma constante procura e queda de acções, mas depende muito se os produtores procuram ampliar os cortes na produção”, disse John Baffes, economista sénior do BM e autor principal do estudo ‘Commodity Markets Outlook’.

Os analistas do BM assinalam que a previsão do preço do petróleo é uma pequena revisão em baixa da perspectiva de Abril, estando sujeita, por isso, a riscos. O estudo alerta, no entanto, que o fornecimento do ‘ouro negro’ de produtores como Líbia, Nigéria e Venezuela podem ser voláteis.

Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), da qual Angola faz parte, e outros produtores poderiam concordar em cortar a produção ainda mais, mantendo uma pressão ascendente sobre os preços, sugerem os analistas.

“No entanto, a falta de renovação do acordo poderia diminuir os preços, como poderia aumentar a produção da indústria de petróleo de xisto dos EUA”, alerta o estudo.

Caso a previsão do BM se efective, iria beneficiar sobremaneira a economia angolana que vive, desde o final de 2014, uma forte crise financeira, económica e cambial decorrente precisamente da quebra nas receitas da exportação petrolífera.

ANGOLA AUMENTA PRODUÇÃO

O estudo do BM surge numa altura em que uma outra consultora, a BMI Research, prevê que a produção de petróleo em Angola deve voltar para terreno positivo em 2018, registando um crescimento de 7%, depois de uma contração de 3% este ano e de 2,8% em 2016, essencialmente devido ao início de dois projetos, da ENI e da Total.

O incremento da produção de petróleo em Angola, segundo a consultora, vai aumentar a receita fiscal nos próximos trimestres, reduzindo o défice orçamental e aumentando a despesa pública, com as despesas de capital a subirem 19% este ano e 9,4% em 2018.

Numa análise à evolução da economia angolana, enviada aos investidores, a BMI Research refere que “o cenário orçamental” terá uma “notável melhoria nos próximos anos devido à subida dos preços do petróleo e ao aumento da produção”, o que dará origem a uma redução do desequilíbrio orçamental de 4,9% em 2016 para 3% este ano e 1,5% no próximo ano.

No passado mês de Setembro, o preço médio do barril de crude fixou-se nos 51 dólares, acima dos 46 dólares orçamentados para 2017 pelo Governo. No período, a receita fiscal angolana com a exportação petrolífera subiu ligeiramente, face a Agosto, para cerca de 140 mil milhões de kwanzas, o terceiro valor mensal mais alto do ano.

Angola exportou 51.755.424 barris de crude em Setembro, um aumento de 1.776.012 barris face a Agosto. O preço médio do barril exportado por Angola valorizou a partir do final de 2016 e chegou a máximos de 2017 em Fevereiro, nos 52,8 dólares, tendo ficado em Junho (44,5 dólares), pela primeira vez, abaixo do valor orçamentado pelo Governo no OGE.

Desde o início deste ano, Angola já exportou 446.693.332 barris de crude, que se traduziram em vendas globais superiores a 3,3 biliões de kwanzas e receitas fiscais de 1,192 biliões de kwanzas.

Angola exportava cada barril, em 2014, a mais de 100 dólares, mas o valor chegou a mínimos de vários anos em Março de 2016, quando se cifrou em 30,4 dólares por barril.